Qual é o Dia Mundial do Refugiado?
Além de quando a data ocorre, saiba quem é considerado refugiado e como está relacionado com a perseguição
De acordo com a agência da ONU para refugiados, o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), no final de 2019, cerca de 79,5 milhões de pessoas estavam em situação de deslocamento, ou seja, foram forçadas a deixar seus locais de origem por diferentes tipos de conflitos. Isso representa quase o dobro dos 41 milhões que estavam nessa situação em 2010 e chega a aproximadamente 1% da população mundial. Entre refugiados e solicitantes de reconhecimento da condição de refugiado somam-se 33,8 milhões de pessoas.
Com relação ao último relatório emitido, são quase 9 milhões a mais de deslocados no mundo. Isso se deu devido à continuidade de conflitos na República Democrática do Congo, no Iêmen, na Síria e na região do Sahel, no Norte da África. Além disso, os cidadãos da Venezuela cruzam as fronteiras do país para fugir das violações de direitos humanos.
Além disso, 68% dos refugiados no mundo vieram de apenas cinco países: Síria (6,6 milhões), Venezuela (3,7 milhões), Afeganistão (2,7 milhões), Sudão do Sul (2,2 milhões) e Mianmar (1,1 milhão). O relatório mostra ainda que os refugiados tendem a demorar a voltar para casa já que o cenário continua o mesmo nos países de origem. Por isso, enquanto nos anos 1990 a taxa de retorno era de 1,5 milhão, nos últimos 10 anos caiu para 390 mil retornos anualmente. Isso resulta em um total de 77% de refugiados que já estão fora dos países de origem há mais de cinco anos.
Outra tendência apresentada é que refugiados ou solicitantes de refúgio geralmente buscam ajuda em países vizinhos. Por conta da crise na Venezuela, isso fez com que a Colômbia se tornasse o segundo país com maior número de pessoas nessa situação, chegando a 1,8 milhão de refugiados. Essa situação somada às caravanas de migrantes para os Estados Unidos fez com que as Américas se tornassem a região com mais pedidos de refúgio no mundo todo no ano de 2019.
Segundo a ONU, em 2018, o Brasil acolhia uma população de mais de 11 mil refugiados reconhecidos. A grande maioria dos refugiados no Brasil vive em cidades, nos grandes centros urbanos. E de acordo com o balanço do Comitê Nacional para os Refugiados (Conare), atualmente, o país conta com 43 mil refugiados, sendo 88% venezuelanos. No mundo, os países que mais possuem refugiados são a Turquia (3,7 milhões), o Paquistão (1,4 milhão) e Uganda (1,2 milhão).
Qual a relação entre refugiados e a perseguição?
Aproximadamente 18 mil cristãos vivem em campos de refugiados na República Centro-Africana devido a ataques radicais islâmicos
No contexto da perseguição aos cristãos, nossa memória deve ser quanto ao refugiado cristão em países em estado de guerra, como o Iraque, Síria, Eritreia, Nigéria, Quênia, Paquistão, Sudão, entre outros. Ao longo dos anos, mostramos as condições de irmãos e irmãs que, como fugitivos, precisam abandonar casas e vilas para se refugiar em outras cidades, sob condições mínimas de sobrevivência, apenas por seguir a Jesus Cristo.
Em diversos países, a ação de grupos islâmicos extremistas como o Estado Islâmico no Oriente Médio e o Boko Haram na África, também leva muitos cristãos a zonas de refúgio. A fim de expor o islã radical, os grupos utilizam de violência, mesmo que os governos se declarem laicos. O grupo mais hostilizado nesse contexto é o cristão, por se negar a se declarar muçulmano e não negar o nome de Jesus. Ao não seguir as regras de grupos extremistas ou não se converter ao islamismo, a única saída é ir embora.
Como os cristãos auxiliam os refugiados?
Crianças refugiadas nigerianas aguardando por comida em campo de refugiados
Nos locais que abrigam cristãos, há igrejas dedicadas ao serviço de refugiados, além de vários projetos da Portas Abertas em andamento, em que muitos voluntários e colaboradores se preocupam com as necessidades físicas, emocionais e espirituais de cada um deles. No entanto, em alguns países, a demanda é maior que o oferecido, principalmente quando a igreja local ainda tem de lidar com a discriminação religiosa na própria sociedade.
A Síria, país que ocupa a 11ª colocação na Lista Mundial da Perseguição 2020, vive a maior crise de refugiados do mundo. De lá saíram fugidos Abud*, a esposa e os quatro filhos para viver em uma tenda solitária, armada em um campo aos arredores de Zahle. Essa é uma das muitas famílias muçulmanas que recebem o apoio da igreja local. “Disseram-nos que a igreja distribuía comida. Ela realmente nos dá um bom apoio”, compartilharam. Um dos colchões dispostos no chão também foi doado pela igreja, que recebe apoio da Portas Abertas para o socorro de refugiados sírios.
Butros*, um voluntário da igreja local, tem 450 famílias sob sua responsabilidade. Ele e sua igreja entendem como sua tarefa ajudar refugiados da Síria. Quase toda a congregação está envolvida, seja na doação de alimentos, cobertores, fogões, combustível, visitas ou ao providenciar estudo para as crianças.
Qual a diferença entre o Dia do Refugiado e Dia do Imigrante?
Campo de refugiados no Sudão abriga, aproximadamente, 70 mil pessoas
A principal diferença entre um refugiado e um imigrante é a motivação das pessoas para a a saída de seu país. Os refugiados se deslocam para outro país por motivo de guerra ou perseguição em seu local de origem. No caso dos imigrantes, a saída do país tem por objetivo conseguir melhores condições de vida ou sobrevivência. Por conta disso, o Dia do Imigrante é comemorado em outra data, em 25 de junho. É importante saber a diferença entre os dois porque ao considerar um refugiado como imigrante, tira-se o peso da proteção legal que tais pessoas necessitam.
Família em frente a sua tenda após ter que fugir do Iraque por conta dos ataques do Estado Islâmico
Em países do Oriente Médio e da África Subsaariana, os refugiados cristãos são particularmente visados, de acordo com o relatório da Anistia. Eles estão sujeitos a sequestro, tortura, roubos e agressões físicas por gangues e traficantes de pessoas, além de abusos cometidos por grupos extremistas. Por conta disso, um projeto apoiado pela Portas Abertas na Jordânia fornece aconselhamento pós-trauma e ajuda emergencial a famílias cristãs do Iraque. Com uma doação, elas se sentirão acolhidas e fortalecidas mesmo não estando em sua própria terra.
*Nomes alterados por segurança.
Fonte- Portas Abertas
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