Daniel Lima – Nações, Tribos, Povos e Línguas
Anos se passaram e creio que pela graça de Deus pude abandonar esta influência de minha infância. De modo especialmente poderoso é o claro testemunho das Escrituras contra o racismo em qualquer forma. Em Gálatas 3.28, Paulo expressa como é incoerente um cristão ser racista: “Não há judeu nem grego, escravo nem livre, homem nem mulher; pois todos são um em Cristo Jesus”. O curioso é que Paulo cresceu como fariseu, uma das seitas judaicas que mais fazia distinção entre povos e raças. Com certeza essa foi uma área na qual Deus lhe deu uma nova vida, uma nova perspectiva.
Em Atos 13.1 lemos: “Na igreja de Antioquia havia profetas e mestres: Barnabé, Simeão, chamado Níger, Lúcio de Cirene, Manaém, que fora criado com Herodes, o tetrarca, e Saulo”. Esta equipe ministerial era um grupo multiforme etnicamente: Barnabé era um judeu que havia crescido fora de Israel (para um fariseu, este era um defeito grave); Simeão, chamado Negro, era com muita probabilidade um convertido de raça negra, oriundo do norte da África; Lúcio era um nome latino e Cirene, sua cidade de origem, foi formada por ex-soldados romanos; Manaém foi criado junto com Herodes, portanto, é bem provável que fosse de origem árabe; por fim, temos Paulo, judeu, benjamita e fariseu. Com certeza a esta altura Paulo já havia sido curado ou transformado de seu racismo.
Se você é cristão, saiba que terá a honra de louvar a Deus no céu na companhia de irmão de todas as tribos, povos e raças.
O testemunho do apóstolo João em Apocalipse nos dá mais uma perspectiva que evidencia a incompatibilidade do racismo com a fé cristã. Em Apocalipse 7.9 lemos: “Depois disso olhei, e diante de mim estava uma grande multidão que ninguém podia contar, de todas as nações, tribos, povos e línguas, em pé, diante do trono e do Cordeiro, com vestes brancas e segurando palmas”. É muito revelador da multiforme graça de Deus que mesmo no céu João podia reconhecer a origem étnica dos salvos. Se você é cristão, saiba que terá a honra de louvar a Deus no céu na companhia de irmãos de todas as tribos, povos e raças.
Diante desta nova agitação em torno do tema do racismo, faço uma autoanálise e o convido a fazer o mesmo. Não basta que eu tenha abandonado algumas das tradições que me foram passadas (1Pedro 1.18). Eu acredito que preciso transformar esta mudança em um compromisso, em um posicionamento ativo – e não uma atitude passiva. Por isso, eu quero me comprometer a:
- Não promover, não rir e me posicionar ativamente contra histórias, piadas e comédias que diminuam raças minoritárias;
- Denunciar ativamente qualquer postura que promova a divisão entre raças (desculpe, mas isso inclui o que tem sido chamado de racismo inverso);
- A buscar intencionalmente o cultivo de amizades com pessoas de outras raças, culturas e línguas. Buscando entender e principalmente ouvir;
- Com ousadia e sensibilidade (mistura delicada), discutir e participar de conversas sobre o tema do racismo e das relações inter-raciais.
Aos meus irmãos negros, orientais, judeus, indígenas, árabes e outros, quero dizer que sinto muito pelo tratamento indigno e vergonhoso que cristãos ao redor do mundo têm dado a vocês. Não posso responder pelos atos de outras pessoas, mas quero participar ativamente de uma mudança em nossas igrejas, em nossas relações, para que o mundo creia que somos de fato discípulos de Jesus. Eu te convido a assumir comigo estes compromissos.
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