AMIGOS DE DEUS

Gênesis 18:1-16

Pr. Hamilton Rocha*

    Deus visitou Abraão nos Carvalhos de Manre em um dia bastante quente. Foi uma teofania, isto é, Deus revestido na forma humana. Abraão foi chamado de “amigo de Deus” (II Crônicas 20:7; Isaías 41:8; Tiago 2:23).

     O que podemos aprender dessa visita do Senhor ao seu amigo Abraão?

I – INTIMIDADE COM DEUS

    Deus foi hóspede de Abraão (vv.3-8). Nós também podemosser anfitriões do Senhor. “Jesus lhe respondeu: Se alguém me amar, obedecerá à minha palavra; e meu Pai o amará, e viremos a ele e faremos nele morada” (João 14:23). “Eles, porém, insistiram: Fica conosco, pois já é tarde, e o dia está terminando. Então entrou para ficar com eles” (Lucas 24:29). “Estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voze abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele e ele comigo” (Apocalipse 3:20).

II – HUMILDADE

    Abraão não se envaideceu. Não usou dessa experiência com Deus instrumento de poder espiritual sobre os outros. O escritor aos Hebreus declara a respeito do patriarca: “Porque ele esperava a cidade que tem fundamentos, da qual Deus é o arquiteto e construtor” (Hebreus 11:10).

III – CONFIDÊNCIA

    Confidência é segredo. Que se diz em confiança ao ouvido de alguém.

    Será que Deus tem segredos para contar-nos? Quanto daquilo que temos de mais íntimo podemos contar-lhe? Será que Deus nos dá a honra de confiar seus segredos à nossa discrição?

    Pois ele dá. “O segredo do Senhor é para os que o temem” (Salmo 25:14). Qualquer pessoa pode ser confidente de Deus, basta temê-lo.

    O cristianismo ignora todo e qualquer critério de seleção, de hierarquia. Deus não faz discriminação. Ninguém deixa de ser quem é diante de Deus. Portanto, os mistérios de Deus estão ao alcance de qualquer interessado que se disponha a preencher um requisito – o único –necessário: Ter comunhão com ele.

    Não é preciso ser místico para que nos tornemos confidentes de Deus. Abraão foi amigo de Deus, tão amigo que Deus abria-se com ele (Gênesis 18:17,18)

    Abraão não era um místico na verdadeira acepção do vocábulo. Ao contrário, era um homem de negócios, criador de gado, chefe de clã, guerreiro. Que não podia isolar-se no ermo.Basta, pois, que façamos de Deus uma presença constante em nossa intimidade para que tenhamos a honra que teve Abraão de conhecer o pensamento divino. Afinal de contas, Abraão não era anjo, mas homem. Como nós.

    Deus quer fazer-se conhecido até onde pudermos conhecê-lo: é o que chamamos de revelação, que pode ser natural ou geral e sobrenatural ou especial.

    A revelação natural está representada pela obra de Deus. Pela criação: “Os céus manifestam a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra de suas mãos” (Salmo 19:1). Essa revelação, porém, não é completa. Não é perfeita. A natureza não nos diz tudo a respeito de Deus; pelo contrário, o que diz é muito pouco.

    Há necessidade de uma revelação especial. Torna-se necessário que Deus use outra linguagem além daquela que a criação fala. Essa nova linguagem ele a usou na história de Israel e na obra de Cristo: a primeira no Velho Testamento e a segunda no Novo –  a Bíblia é o repositório dessa revelação.

    Com dois sentidos: objetivo e subjetivo. Objetivo quando o homem a lê simplesmente e subjetivo quando o homem a lê iluminado pelo Espírito Santo. “Quando vier aquele Espírito da verdade, ele vos guiará em toda a verdade” (João 16:13).

    Então, Deus pode nos fazer suas confidências mediante a revelação especial ou sobrenatural que são as Escrituras Sagradas. Se lidas com inteligência iluminada pelo Espírito de Deus.

    Assim ficamos sabendo de muitos mistérios de Deus.Ficamos sabendo que ele é Trindade, que ele é Salvador, que ele é Intercessor. Ficamos sabendo que Cristo se encarnou, quemorreu, que ressuscitou, que ascendeu, que voltará ao mundo; ficamos sabendo que há céu, que há inferno, que haverá juízo final…

    Mistérios de Deus que ele revela aos seus amigos. Como fez com Abraão.

    Vale a pena ser amigo de Deus. Que essa seja a aspiração do nosso coração. Afinal de contas, se Abraão pôde, nós também podemos.