Fechar
Buscar no Site

Texto do Pr.Hamilton Rocha(IBCalhau – São Luis-Ma) publicado na PG do dia 26/04/2020

                                                                                                                                                                                                                                                                         AMOR HUMANO X AMOR DIVINO

João 13:1

Pr. Hamilton Rocha*

    Há remédios para o amor humano. Haverá remédios para o amor divino?

I   – O TEMPO

    O tempo cura muitas feridas. É um dos cautérios que Deus utiliza para cicatrizar as lesões da alma. O tempo encarrega-se de balsamizar o sofrimento: hoje dói muito; amanhã dói menos. Hoje é o fim; amanhã tudo pode começar de novo.

    Plutarco, famoso escritor grego, disse: “São em maior número as coisas que o tempo cura do que as coisas que a razão concilia”.

    Deus deixou Davi por 1 ano. O tempo foi passando, o que era desejo tornou-se em dor; a cegueira, luz; o gosto em lágrimas; a paixão em arrependimento. E se tanto pode 1 ano que se dirá de muitos?

    O tempo tem poder sobre o amor humano, este tão fugaz, tão imperfeito, tão inconstante, que não se governa pela razão. Porém o amor a quem o tempo cura não é o amor verdadeiro.     O amor perfeito ultrapassa as barreiras do tempo. “O amigo ama em todo o tempo e na angústia se conhece o irmão” (Provérbios 17:17).

    Agostinho dizia “que o amor verdadeiro tem a obrigação de ser eterno; porque se em algum tempo deixou de ser, nunca foi amor”. Se chegou a ter fim, nunca teve princípio. É como a eternidade, que se tiver fim nunca foi eternidade.

    Tão isento da jurisdição do tempo é o verdadeiro amor. O apóstolo Paulo disse “que o amor jamais acaba” (I Coríntios 13:8). É possível um amor assim?

    O apóstolo João registra no capítulo 13 do seu evangelho essa expressão: “(…) e tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim” (v.1).

    Amou desde quando? Desde o princípio, desde a eternidade, até o fim de sua vida terrena e, segundo as Escrituras, para além desta vida.

    O tempo não curou o amor divino. Quando lemos no mesmo evangelho “porque Deus amou o mundo (…)” (João 3:16), o verbo amar está em um tempo verbal que indica que Deus amou no passado e continua amando.

    O tempo não interfere no amor verdadeiro. Por amor a Raquel Jacó trabalhou sete anos estes lhe pareceram poucos pelo muito que a amava (Gênesis 29:20).

II  – A AUSÊNCIA

    Outro remédio que cura o amor humano é a ausência. A ausência esfria o amor. Há um adágio popular que diz: “O que os olhos não vêem, o coração não sente”.

    Mas isso não acontece com o amor de Jesus. Assim como Jesus não podia deixar de amar em razão do tempo, porque é eterno, assim não pode deixar de amar em nenhum lugar ou em qualquer distância, porque é amor.

    Ele iria para bem longe: “(…) sabendo Jesus que havia chegado sua hora de passar deste mundo para o Pai (…)”. Seria uma longa ausência. Uma longa distância.

    Ao ser preso Jesus distinguiu-se dos seus discípulos quando disse aos que foram prendê-lo: “Deixai ir estes” (João 18:8). Porém, quando respondeu a Saulo, na estrada de Damasco, “(…) eu sou Jesus a quem tu persegues” (Atos 9:5), não se distinguiu deles. Perseguir seus discípulos era o mesmo que persegui-lo. Qual a diferença? No horto ele estava presente fisicamente. Na estrada de Damasco ele estava no céu. Em outras palavras, a ausência de Jesus nos uniu mais a ele. Ele disse: “(…) eis que estarei convosco todos os dias (…)” (Mateus 28:20). Portanto, a ausência pode curar o amor humano, mas não é remédio para o amor divino. A ausência física de Jesus não esfriou seu amor por nós.

III – A INGRATIDÃO

    Dizem que a ingratidão tira a afeição. Isso é verdade quando tratamos do amor humano. Mas não se pode afirmar o mesmo do amor divino.

    O texto joanino nos informa que Jesus amou os seus que estavam no mundo. Porém ele amou os homens do passado e os do futuro. Os do passado não o conheceram. Os do futuro não haviam nascido ainda. Os homens mais ingratos foram os de sua época.

    A ingratidão cura o amor humano, mas não é remédio para o amor divino. A ingratidão foi motivo para ele amar mais. Dois exemplos: Judas e Pedro.

    Como Jesus tratou a ingratidão de Judas e Pedro? Lavando-lhes os pés. Fazendo-lhes mimos.

    O mais favorecido na Páscoa foi Judas. Mas foi a ele que Jesus deu o primeiro bocado. Esse era um gesto de cortesia, de hospitalidade ao mais ilustre convidado. O que Jesus fez? Ofereceu o primeiro bocado ao mais indigno, ao traidor (João 13:26).

    Na ressurreição a todos igualmente enviou a notícia, mas a Pedro em particular (Marcos 16:7).

    Por que somente a esses dois? Porque somente eles tiveram particularidades na ingratidão. No jantar da Páscoa o que mais ofendeu a Jesus foi Judas; na Paixão foi Pedro.

    E como o amor de Cristo das maiores ingratidões faz motivo de mais amar, foram esses dois os mais favorecidos porque foram os mais ingratos.

IV   –  OUTRO AMOR

    “Um amor com outro se cura (paga)? Ou amor com outro se apaga?

    Um amor entre os afetos é como a luz entre as qualidades. As estrelas no meio das trevas brilham; mas em aparecendo o sol, que é luz maior, o brilho das estrelas é ofuscado.

    Davi quis ter sua mulher Mical de volta. Ela estava casada com Paltiel. Este foi chorando atrás dela. Mas Mical não chorou (II Reis 3:14-16). Ela amava mais a Davi do que a Paltiel.

    No Getsêmani Jesus foi três vezes dos discípulos ao Pai e do Pai aos discípulos.

    Como responder a esse amor de Jesus?

    Diante de nós está a mesma pergunta que nosso Senhor fez a Pedro lá na praia do Mar de a Paltiel

    Cabe a nós respondermos.

Pastor da Igreja Batista do Calhau em São Luís do Maranhão

O conteúdo deste blog é livre e seus editores não têm ressalvas na reprodução do conteúdo em outros canais, desde que dados os devidos créditos.

mais / Postagens