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Daniel Lima – Esperança em meio à tragédia!


Esperança em meio à tragédia!

Daniel Lima

Medo! Estado afetivo suscitado pela consciência do perigo, imaginário ou fundamentado. O medo é uma presença constante na vida do ser humano. Por mais que cultivemos uma postura de suficiência própria diante de uma ameaça, nossa fragilidade rapidamente nos leva a um estado de alerta, de fuga ou luta, de medo. Já vi homens capazes e competentes entrarem em pânico ao perceber que coisas simples saíam do controle. Estamos vivendo uma onda de medo, em parte real, em parte exagerada diante da pandemia do coronavírus.

Enquanto alguns discutem se as igrejas devem ou não manter suas reuniões públicas (em locais onde ainda não existem ordens oficiais), eu gostaria de refletir sobre este momento, esta oportunidade. Quero ver esta pandemia como oportunidade, pois Deus não foi surpreendido. Na verdade, em seu plano soberano, esta tragédia foi entretecida juntamente com tudo mais que acontece. Diante disso, como o povo de Deus deve reagir? O que temos a dizer àquele que crê e ao que não crê diante do medo, mesmo do pânico?

Ao que crê, a melhor resposta é aquela dada por Paulo em Filipenses 1.20b-24:

Ao contrário, com toda a determinação de sempre, também agora Cristo será engrandecido em meu corpo, quer pela vida, quer pela morte; porque para mim o viver é Cristo e o morrer é lucro. Caso continue vivendo no corpo, terei fruto do meu trabalho. E já não sei o que escolher! Estou pressionado dos dois lados: desejo partir e estar com Cristo, o que é muito melhor; contudo, é mais necessário, por causa de vocês, que eu permaneça no corpo.

A morte do cristão não deve ser temida. Para nós, morrer é lucro! No entanto, muito ciente de seu chamado e de seu ministério, Paulo entendia que o tempo de sua partida ainda não havia chegado (cf. 2Timóteo 4.6). Diante disso, minha postura como cristão é ser um bom mordomo do corpo que me foi confiado, para que eu possa continuar servindo nesta vida enquanto o Senhor julgar conveniente. No momento em que ele julgar que meu tempo é chegado, creio que partirei com alegria.

Quero ver esta pandemia como oportunidade, pois Deus não foi surpreendido.

Mas o que dizer àqueles que não estão em Cristo? Como ministrar àqueles para quem morrer não é lucro, mas o passo final de sua jornada para a perdição? Deixe-me alistar algumas considerações:

  1. Aqueles que morrem sem Cristo estão condenados à perdição eterna (Mateus 25.41-46Lucas 16.22-23 e João 3.18);
  2. Para estes a pandemia deve inspirar terror, pois após a morte não terão mais chance de se converter (Hebreus 9.27);
  3. O medo causado pela pandemia é uma aflição por antecipação, pois, quem hoje teme a morte, teme algo que é certo, uma vez que todos morreremos. É a certeza, a iminência, o choque de realidade que têm levado muitos a entrar em pânico;
  4. A verdadeira esperança para este medo antecipado não é a cura do vírus. A esperança para a morte é a vida eterna em Cristo Jesus (Romanos 6.23). Devemos tomar providências para combater esta pandemia, mas também devemos tratar do mal mais profundo: o destino eterno daqueles que estão sem Cristo.

Alguém já disse que “a tragédia é o megafone de Deus”, pois nossa fragilidade é evidenciada em meio à tragédia. Como seres humanos, conseguimos mascarar o nosso vazio interior e nossas dúvidas sobre a eternidade, mas, diante da proximidade da morte, todo homem se depara com a questão do destino eterno. Sendo assim, entre tudo o que podemos e devemos fazer como cristãos, eu quero destacar nossa responsabilidade de proclamar a esperança que há em nós (1Pedro 3.15).

Em 2Timóteo 4.1-5, como parte de suas últimas instruções a Timóteo, Paulo escreve:

Na presença de Deus e de Cristo Jesus, que há de julgar os vivos e os mortos por sua manifestação e por seu Reino, eu o exorto solenemente: Pregue a palavra, esteja preparado a tempo e fora de tempo, repreenda, corrija, exorte com toda a paciência e doutrina. Pois virá o tempo em que não suportarão a sã doutrina; ao contrário, sentindo coceira nos ouvidos, juntarão mestres para si mesmos, segundo os seus próprios desejos. Eles se recusarão a dar ouvidos à verdade, voltando-se para os mitos. Você, porém, seja moderado em tudo, suporte os sofrimentos, faça a obra de um evangelista, cumpra plenamente o seu ministério.

A exortação de Paulo começa dizendo que devemos pregar a palavra; completando, ele afirma que devemos fazer a tempo e fora de tempo. Este é um momento em que muitos estão preocupados. A pandemia gerou um estado de alerta. A realidade da morte confronta a sociedade que se julgava tão poderosa e no controle. Este é um tempo de se considerar a salvação!

Minha postura como cristão é ser um bom mordomo do corpo que me foi confiado, para que eu possa continuar servindo nesta vida enquanto o Senhor julgar conveniente.

Paulo amplia o sentido de pregar usando as palavras “admoestar”, “repreender”, “exortar” e “ensinar”. Seu propósito é afirmar que pregar é muito mais do que um período dominical durante o culto cristão. Em um sentido amplo, eu prego quando encorajo, quando faço perguntas, quando ouço, quando ofereço perspectivas.

O apóstolo nos faz lembrar que haverá um tempo em que as pessoas só vão querer ouvir o que lhes agrada. Por isso tão poucos falam da realidade da morte ou do inferno. Parecem palavras antiquadas – quase medievais. No entanto, uma pandemia traz à tona o medo e a pergunta sobre nosso destino eterno. Minha oração é que você e eu tenhamos o mesmo foco e possamos aproveitar as oportunidades. Vamos lutar contra esta pandemia na medida de nossa mordomia, mas também vamos proclamar a fé naquele que nos resgatou do domínio das trevas para o reino de sua luz (Colossenses 1.13)

Daniel Lima foi pastor de igreja local por mais de 25 anos. Formado em psicologia, mestre em educação cristã e doutorando em formação de líderes no Fuller Theological Seminary, EUA. Daniel foi diretor acadêmico do Seminário Bíblico Palavra da Vida por 5 anos, é autor, preletor e tem exercido um ministério na formação e mentoreamento de pastores. Casado com Ana Paula há mais de 30 anos, tem 4 filhos, uma neta e vive no Rio Grande do Sul desde 1995.

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