Dr. Henrique Lott – Aumentar A Rigidez Da Coluna Não Garante…
Se formos observar a complexidade do controle da coluna dentro da perspectiva dos sistemas dinâmicos, estamos interessados não apenas em determinar se um sistema é estável, mas também em como ele pode lidar com incertezas e perturbações.
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Durante muito tempo o modelo biomédico defendeu que o aumento da rigidez da coluna através da co-ativação dos músculos do tronco garante que a coluna permaneça estável, reduz a quantidade de deslocamentos minimiza o risco de lesão.
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No entanto, é preciso lembrar que a estabilidade de um sistema dinâmico depende do contexto. De fato, um sistema mais rígido pode ter um desempenho melhor (menor tempo de resposta a perturbações externas), mas essa declaração se refere a todo o sistema – a coluna junto com o sistema nervoso.
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Uma coluna mais rígida alcançada através de co-ativação muscular voluntária provavelmente não inclui todas as respostas reflexas do SNC. Então, aumentar a rigidez da coluna, por si só, nem sempre leva a um melhor desempenho global do sistema.
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Para demonstrar quando muita rigidez do tronco pode ser prejudicial, Reeves et al (2007) pediu aos participantes que se equilibrassem em uma superfície instável. Eles deviam realizar a tarefa com níveis normais de ativação muscular do tronco e depois com níveis mais elevados de co-contração, refletindo dois níveis diferentes de rigidez da coluna.
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Obviamente, algum nível de rigidez é necessário para manter o equilíbrio durante essa tarefa. Mas a rigidez voluntária tornou a tarefa mais difícil e, em alguns casos, houve a perda de equilíbrio.
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Esse estudo demonstrou que o aumento da rigidez em uma parte de um sistema nem sempre aumenta a rigidez geral do sistema. Uma coluna mais rígida resultou em maior deslocamento do tronco durante a tarefa de equilibrio. Neste caso, o sistema global ficou menos rígido quando a rigidez da coluna excedeu algum nível ótimo de controle.
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Reeves NP, Everding VQ, Cholewicki J, Morrisette DC. The effects of trunk stiffness on postural control during unstable seated balance. Exp Brain Res 2006;174:694-700
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