Texto do Pr. Hamilton Rocha (IBCalhau) publicado na PG do dia 08/03/2020
A GLÓRIA DO TEMPLO
“Quando Salomão terminou de orar, desceu fogo do céu e consumiu o holocausto e os sacrifícios, e a glória do Senhor encheu o templo” II Cr.7:1
Pr. Hamilton Rocha*
Ao concluir sua oração, consagrando o templo que construíra, Salomão e toda a congregação viram o agir de Deus no meio do seu povo: a glória do Senhor encheu o templo.
Que glória seria essa?
A glória seria aquela obra nababesca, faraônica? Tudo naquele templo era monumental, no tamanho e na arte. Dois ambientes de culto: o lugar santo e o lugar santíssimo. Três átrios: dos sacerdotes, de Israel e dos gentios. Além dos alpendres, tesourarias, cenáculos e recâmaras. A parte interna era revestida de ouro em profusão. De ouro os querubins. De ouro os castiçais, as lâmpadas, os espevitadores, os garfos, as bacias, as taças, os incensários.
A construção durou sete anos e seis meses, do ano 1.011 ao ano 1.004 antes de Cristo. Foram empregados na construção 30.000 operários hebreus e 153.000 fenícios, requisitados a Hirão, rei de Tiro, seu aliado.
Portanto, muita seria a glória daquela casa pelo que ela representava por si mesma, como obra de um sábio, de um gênio.
Esse foi, porém, um esplendor inglório: porque o templo de Salomão permaneceu intacto apenas 33 anos. Ao cabo desse tempo ele foi saqueado por Sisaque, rei do Egito, e em seguida sofreu outros atentados, culminando com a sua destruição por Nabucodonozor, rei de Babilônia, no ano 558 antes de Cristo.
A glória daquele templo, essa sim, autêntica e imperecível, foi outra: foi a glória do Senhor. A presença do Senhor. Deus no templo. Templo como a casa de Deus. Há quem ache ridícula a idéia de Deus habitando em uma casa, visto que somos o templo do Espírito Santo e Ele mesmo tem o seu trono no céu.
Pois Deus está no templo. O templo ou onde o adoremos, mesmo que não seja num templo.
Adoração deve ser não apenas individual, mas congregacional. Pessoal e coletiva. Uma voz falando e muitas vozes falando. O culto é uma instituição privada e pública.
Esse é um conceito não só do cristianismo, mas universal: a humanidade sempre teve templos. Locais separados para o culto. Que exerçam uma verdadeira fascinação sobre o povo, atraindo-o para concentrações religiosas.
Ir ao templo não é passatempo, mas uma necessidade.
Entretanto, Deus há de estar presente. O que importa acima de tudo no templo não é a imponência de suas linhas arquitetônicas ou a beleza da sua liturgia, mas a presença de Deus. Como aconteceu na dedicação do templo de Salomão. Deus se manifestou naquele fogo estranho que devorou o holocausto que jazia no altar. Quis Deus, dessa maneira, manifestar a sua aprovação ao culto que ali se fazia. Por isso, o texto nos informa que desceu fogo do céu. E conclui: a glória do Senhor encheu o templo.
Templo não é casa, mas é casa de Deus. Era assim que o salmista via o templo: “O Senhor está no seu santo templo” (Salmo 11:4).
A humanidade sempre pensou assim, mesmo onde em lugar do Eterno havia deuses: entre pagãos – egípcios, assírios, fenícios, gregos, romanos.
A idéia, portanto, não é nova, nem somente bíblica: está no consenso universal.
Mas não resta a menor dúvida que é na Bíblia que está o verdadeiro sentido de templo. Onde Deus está, como Pessoa. Alguém como uma presença invisível. Espiritual. Gloriosa.
Não simplesmente porque seja onipresente: estando em toda a parte estará também no templo. Ou porque seja onisciente: tendo conhecimento de tudo, nada do que acontece no templo lhe será segredo. No templo onde ele encontra adoradores autênticos Ele está como está no céu. No céu, o trono; no templo, os degraus do trono. Culto tem imponência porque tem majestade – a majestade de Deus. E tem santidade: se Deus está no culto. Que outro ambiente haverá mais puro que esse?
Por isso empregamos para templo a palavra santuário, que quer dizer lugar santo. Lugar santo porque Deus está ali. Tão santo que Moisés precisou descalçar-se no deserto, onde ardia uma sarça sem se queimar (Êxodo 3:5).
Templo é, pois, santuário, ou Santo dos Santos: no templo do Antigo Testamento o Santo dos Santos era um lugar secreto, separado de outros por uma espessa e rica cortina. Ali só entrava o sumo sacerdote, uma vez por ano, para o grande holocausto.
Quando Cristo expirou, aquele véu rompeu-se de alto a baixo, transformando o templo todo no Santo dos Santos. Santo dos Santos não pelo lugar, mas pela Pessoa que ocupa esse lugar.
Por ocasião do tabernáculo de Israel no deserto, Deus revelava a sua presença por meio de uma nuvem que envolvia o santuário. Que pousava sobre o propiciatório.
Que dirigia o povo no seu lento caminhar em busca de terra prometida. De uma maneira ou de outra, Deus sempre presente. No templo. Como se este fora o ádito, ou câmara secreta. Recôndito do céu. Casa de Deus, com endereço na terra. Casa de Deus porque foi assim que nosso Senhor a designou: “A minha casa será chamada de oração” (Lucas 19:46).
Assim deve ser sempre, quer seja grande, quer seja pequena. De cantaria ou de taipas.
Onde o adorador possa cair de joelhos e ver a face de Deus através de uma cortina entreaberta do céu.
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