Texto do Pr. Hamilton Rocha (IBCalhau-São Luis-Ma) publicado na PG do dia 23/02/2020
“O JUSTO FLORESCERÁ COMO A PALMEIRA”
Salmo 92:12
Pr. Hamilton Rocha*
A Organização Mundial de saúde classifica o envelhecimento em quatro estágios: Meia-idade: 45 a 59 anos; Idoso(a): 60-74 anos; Ancião: 75 a 90 anos e Velhice extrema (quarta-idade): acima de 91 anos.
Infelizmente, é forçoso dizer, que muitas vezes o idoso não é respeitado em seus direitos. Seja nos postos de saúde, nas repartições públicas, nos estabelecimentos bancários ou nos estacionamentos.
Entretanto, a Palavra de Deus nos admoesta a respeito do idoso: “Levanta-te diante dos idosos, honra a pessoa do ancião e teme o teu Deus. Eu sou o Senhor” (Levítico19:32).
É preciso lembrar que “somos uma síntese do tempo: ora tragados pelo tempo, ora aspirando a eternidade” (Kierkegaard).
No texto em destaque, o salmista declara que “o justo florescerá como a palmeira”. É um símile, uma comparação, uma analogia, um exemplo.
Em que o justo é comparado a uma palmeira?
I – NA BELEZA
As palmeiras são belas, majestosas. A Palavra de Deus declara a beleza dos idosos: “O orgulho dos jovens é a força, e a beleza dos idosos são os cabelos brancos” (Provérbios 20:29).
Qual o nosso conceito de beleza?
Charles Lalo, esteta francês, classificou a beleza em 9 categorias, a saber: Bela, grandiosa, graciosa, sublime, trágica, dramática, espirituosa, cômica e humorística.
Nas Escrituras Sagradas descobrimos personagens descritos como belos: Moisés, Davi, Saul, Absalão, Sara, Rebeca, Raquel, Ester, Abigail, e tantos outros.
O profeta Isaías, referindo-se à pessoa de Jesus declara que “não tinha formosura nem beleza; quando olhávamos para ele, não víamos beleza alguma para que o desejássemos” (Isaías 53:2).
Creio que essa visão de Isaías refere-se ao sofrimento de nosso Senhor na cruz. As crianças eram deslumbradas por ele. Mulheres aproximaram-se dele, tocaram-no, sentaram-se aos seus pés a ouvir-lhe ensinamentos. Que vida haverá mais beleza que a vida de Jesus?
A crente (justo) é belo quando ele se parece com Jesus.
II – NA UTILIDADE
Poucas plantas são mais valiosas para o homem do que as palmeiras. O que dizer da Carnaúba? (árvore da Providência). E do Babaçu, em exuberância em nosso Estado?
O cristão, mesmo em idade avançada, pode ser útil.
David Rubinoff, famoso violinista, aos 90 anos apresentava-se regularmente, principalmente para o público jovem. Dizia ele que “cada um deveria fazer o seu melhor, porque o tempo é precioso”. E o que o motivava? Um poema, gravado em um relógio que ele recebera de um amigo.
“No relógio da vida só se dá corda uma vez.
E ninguém tem o poder de dizer exatamente quando os ponteiros vão parar: mais tarde ou mais cedo.
Hoje é o único tempo que temos.
Ame, viva, lute por um desejo. Não espere até amanhã, porque pode ser que o relógio pare”. (Martin A. Janis in As Alegrias do Envelhecer).
Alfred Lord Tennyson, poeta inglês, em sua notável obra “Ulisses” declara:
“Quão melancólico é parar, chegar ao fim, enferrujar sem ser polido,
Não brilhar em uso, como se respirar fosse a vida”.
A vida não se resume em respirar apenas. Podemos ser úteis.
É possível chegar à velhice e sofrer, na expressão de Paul Tillich, ansiedade de uma vida sem sentido. Devemos, pois, nos lembrar do que Moisés, o grande líder do povo de Israel, nos deixou como lição no Salmo 90: “Ensina-nos a contar os nossos dias para que alcancemos um coração sábio” (v.12).
Gosto desse verso na tradução dos Salmos na Linguagem de Hoje: “Ensina-nos a gastar bem os dias de nossas vidas, para que possamos nos tornar sábios”.
Mais adiante, no mesmo Salmo, encontramos esse anelo: “Seja sobre nós a graça do Senhor nosso Deus; e confirma sobre nós a obra das nossas mãos; sim, confirma a obra das nossas mãos”(v.17). Nos Salmos na Linguagem de Hoje é assim que lemos: “Dá-nos sucesso em tudo o que fizermos”.
III – NOS FRUTOS
O salmista declara: “Na velhice ainda darão frutos, serão viçosos e verdejantes…” (Salmo 90:14).
Bertrand Russel morreu aos 97 anos em plena lucidez, como atestam suas obras filosóficas e matemáticas. Catãoaprendeu grego aos 80 anos. Goethe escreveu “Fausto” em idade bastante avançada. “É de noite que se avistam as estrelas” (Longfellow).
O apóstolo João é um belo exemplo de como envelhecer produzindo. A velhice não produziu nele nenhum sentimento de frustração. Ele mesmo se dava o título de “o ancião”. É assim que ele começa a sua 2ª. Epístola. Teria ele cerca de 100 anos.
Escreveu obras monumentais, o Apocalipse e o Evangelho de João.
O Apocalipse é um poema épico com suas visões escatológicas. Deus abriu-lhe uma fresta no céu para que ele tivesse essas visões magníficas, enquanto esteve exilado na Ilha de Patmos.
O Evangelho que leva o seu nome é uma exposição inspirada na pessoa de Jesus. É um verdadeiro compendio de teologia.
Além dessas obras, escreveu três Epístolas.
Velhinho, ele não podia ir ao templo em Éfeso, onde foi morar, após a morte do apóstolo Paulo, e assim que deixou o exílio. Seus discípulos o levavam. Depois de uma vida produtiva e produzindo ainda.
Não basta recolher os anos; importa recolher muito através dos anos. Sem alarde, sem vaidade. Uma velhice que não envergonha.
Se a mocidade é romance, uma velhice assim é história.
IV – NA SEGURANÇA
As palmeiras são encontradas nos mais diversos ambientes. Algumas em dunas e areias; outras em lodaçais e pântanos ou então caracterizam savanas e caatingas. Em qualquer solo a palmeira é uma árvore segura, firme, estável.
O salmista afirma: “Plantados na casa do Senhor, florescerão nos átrios do nosso Deus” (Salmo 92:13).
A segurança do justo está em Deus: “Pois tu és minha esperança, Senhor Deus; tu és minha confiança desde a mocidade. Tenho me apoiado em ti desde que nasci” (Salmo 71:5,6).
Em tempos de tanta insegurança em todas as áreas da vida, necessitamos de pessoas que depositem em Deus a sua confiança e a sua esperança.
E o objetivo da nossa vida, ao chegar à velhice é poder “proclamar que o Senhor é justo”. Dizer também: “Agora que estou velho e de cabelos brancos, não me desampares ó Deus, até que tenha anunciado tua força a esta geração, e teu poder às gerações futuras” (Salmo 71:18).
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