Programa de inovação gradua startups com tecnologias digitais para o agronegócio
Foto: Lilian Alves
Objetivo do TechStart Agro Digital é impulsionar a chegada de novas tecnologias ao mercado
Investidores, representantes de empresas de tecnologia, empreendedores e especialistas acompanharam, no último dia 13, o evento de graduação das 11 startups aceleradas na primeira edição do programa TechStart Agro Digital, promovido pela Embrapa Informática Agropecuária e a Venture Hub. As startups apresentaram soluções digitais voltadas ao setor do agronegócio em áreas como bioinformática, aplicação de defensivos, operações de crédito, agricultura de precisão, manejo de pastagens, irrigação inteligente, gestão da propriedade, uso de drones e cana-de-açúcar.
Iniciado em setembro de 2019, o TechStart Agro Digital atraiu o interesse de pelo menos 94 startups de 20 estados brasileiros. Ao longo de 21 semanas, as selecionadas participaram de mentorias especializadas e treinamentos que ajudaram na validação dos seus produtos e no aperfeiçoamento do modelo de negócios, além de outras ações focadas no relacionamento com investidores interessados em alavancar as novas tecnologias. O evento Demo Day foi mais uma oportunidade das novas empresas mostrarem seus resultados e também para parceiros estratégicos conhecerem melhor novas soluções disponíveis no mercado.
O objetivo do TechStart Agro Digital é impulsionar a chegada dessas novas tecnologias ao mercado, de forma que ofereçam soluções para problemas reais da agricultura, tragam benefícios para o agricultor e agreguem mais valor à produção agrícola. A iniciativa atende também aos interesses de empresas parceiras na busca por tecnologias com potencial para integrar seus negócios, com possibilidades de investimentos. O TechStart Agro Digital conta, ainda, com o apoio da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec).
A chefe-geral da Embrapa Informática Agropecuária, Silvia Massruhá, destacou as iniciativas da Embrapa em participar desse ecossistema de inovação aberta e, em especial, de apoiar ações em agricultura digital. Além de beneficiar o desenvolvimento das startups, o programa de aceleração também “ajuda a Empresa a levar suas pesquisas e tecnologias de forma mais ágil para o setor produtivo”, enfatizou Silvia.
O segmento de empresas startups com foco em inovações para o agronegócio, as chamadas agtechs, vem crescendo no País. Levantamento realizado pelo estudo Radar AgTech Brasil no ano passado, mapeou ao todo 1.125 startups distribuídas em todas regiões, atuando no desenvolvimento de tecnologias para toda a cadeia produtiva, com aplicação dentro e fora da propriedade rural.
“O futuro do agronegócio passa por aqui”, disse o vice-presidente de Corporate Innovation da Venture Hub, José Eduardo Azarite, durante o evento. Ele destacou a integração, o espírito de colaboração e a abertura para aceitar o erro de todos os envolvidos, quesitos fundamentais nesse tipo de experiência. Também lembrou o ambiente extremamente favorável do município para promover a inovação. “Campinas tem uma possibilidade única por conta da quantidade de instituições de ensino e pesquisa e de empresas que temos aqui nesse ecossistema”, afirmou.
Azarite ainda reforçou os benefícios oferecidos às startups participantes do programa, como a notoriedade e vanguarda tecnológica da Embrapa, incluindo o compartilhamento de ativos tecnológicos e mentoria, além da expertise da Venture Hub e a visão de ecossistema e de colaboração entre instituições, pessoas e equipes com objetivos comuns.
Para o diretor da Venture Hub, Érico Pastana, o processo de desenvolvimento de agtechs tem características que diferem daquelas startups que são “apenas digital e não agro digital”. Segundo ele, “o ciclo de aprendizado é diferente, a experimentação acontece em outro ritmo e tem características bastante específicas dentro dos diferentes temas ligados ao agronegócio”. Por isso, é fundamental contar com mentores e profissionais altamente especializados, com grande conhecimento e capacidade, ressalta.
Passaram pelo programa TechStart Agro Digital mais de 80 mentores, além de representantes de grandes empresas, sendo que ao menos cinco startups receberam propostas de investimento durante o processo de aceleração. Três das startups graduadas no programa também foram selecionadas para a terceira edição da chamada de investimentos Pontes para Inovação, uma iniciativa da Embrapa, Cedro Capital e parceiros para conectar agtechs com investidores. As startups selecionadas são IZAgro, Dominus Soli e Brazsoft.
Nova rodada
Durante o evento também foi lançada a segunda rodada do TechStart Agro Digital (Batch 2020). As inscrições já podem ser feitas no site do programa. Além da mentoria técnica, os participantes terão apoio nas áreas jurídica, de propriedade intelectual e contábil e ainda facilidades de acesso a campos experimentais da Embrapa e à infraestrutura do Innovation Hub Campinas, um espaço de colaboração e inovação aberta.
As startups também poderão utilizar gratuitamente as informações e modelos agropecuários gerados pela Embrapa disponíveis na plataforma AgroAPI. A ferramenta contempla desde dados sobre cultivares e produtividade até zoneamentos agrícolas. As informações são acessadas por meio de APIs (interface de programação de aplicativos, na tradução do inglês) e podem ser úteis, por exemplo, no desenvolvimento de soluções para planejamento, monitoramento e gestão da produção.
Confira a relação das startups graduadas:
• Aptah: Empresa de pesquisa e desenvolvimento de novos defensivos e kits diagnósticos para o mercado agroindustrial e pet. Especialista em biologia computacional, já recebeu R$ 1,3 milhão em capital de fomento. Está presente em Goiás, São Paulo e em Delaware (EUA).
• Birdview: Desenvolve, fabrica e opera implementos agrícolas para liberação de insumos biológicos em larga escala e a baixo custo.
• Brazsoft: Desenvolve soluções que ajudam na organização dos dados e os transformam em informações objetivas da real situação financeira e produtiva de toda a fazenda.
• Dominus Soli: Empresa pioneira a desenvolver soluções focadas no planejamento e monitoramento dos serviços de aplicação aérea de agroquímicos. Por meio da rastreabilidade das operações, possibilita aumento de controle, produtividade e mitigação dos riscos socioambientais.
• Gira: Fintech que tem o objetivo de levar maior segurança para operações de crédito agrícola. Atua em todas as regiões produtivas brasileiras e já geriu mais de R$ 4 bi em títulos e cessões de crédito, em mais de 1 milhão de hectares. Oferece serviço para concessores de crédito assim como estrutura e tomada de risco em CRAs e FIDCs.
• Inceres: Plataforma digital agronômica flexível capaz de armazenar e processar dados estruturados e não estruturados para suportar as decisões no negócio. Entende a tecnologia digital como um meio para ampliar a capacidade humana de tomar as melhores decisões no agronegócio.
• IZagro: Plataforma mobile e web gratuita que leva informações e alertas para mais de 50 mil agricultores em todo Brasil e os ajuda a tomarem melhores decisões, conectando-os com consultores e distribuidores de insumos para busca de melhores oportunidades de informações e negócios.
• Pasto Sempre Verde: Plataforma de gestão e manejo inteligente de pastagens que permite a multiplicação da produção de carne sem usar um único alqueire a mais de terra.
• Pitaya Irrigation: Oferece soluções digitais e analógicas a partir de sensores de umidade do solo patenteados pela Embrapa e a Tecnicer Tecnologia Cerâmica, para ajudar agricultores a irrigar com mais eficiência, precisão e sustentabilidade, de modo a produzir mais com menos desperdício.
• Precision Cane: Desenvolve tecnologias para a geração de toletes de cana padronizados e de alta qualidade, buscando tornar sustentável o plantio de cana-de-açúcar.
• Verde Drone: Plataforma digital que conecta pilotos de drones, agrônomos e empresas mais próximas das áreas agrícolas. Desta forma, oferece uma rede que agiliza a produção de mapas georreferenciados e outros serviços, todos conectados por aplicativo, gerando valor na cadeia do agronegócio.
Graziella Galinari (MTb 3863/PR)
Embrapa Informática Agropecuária
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