Texto do Pr Hamilton Rocha (IBCalhau – São Luis – Ma) publicado na PG do dia 19/01/2020
O SERVO DO SENHOR
Isaías 42:1-4
Pr. Hamilton Rocha*
No livro do profeta Isaías, a expressão “o servo do Senhor” é usada em três sentidos diferentes. Em relação à nação de Israel: “Mas tu, ó Israel, servo meu; tu Jacó, a quem escolhi, descendência de Abraão, meu amigo; tu, a quem tirei dos confins da terra, chamei desde os seus cantos e te disse: Tu és o meu servo, eu te escolhi e não te rejeitei(…)” (Isaías 41:8,9).
É utilizada também em relação aos filhos de Deus: “Nenhuma arma feita contra ti prosperará; e tu condenarás toda língua que te acusar em juízo; esta é a herança dos servos do Senhor, e os seu direito que procede de mim, diz o Senhor” (Isaías 54:17).
Essa expressão é usada também em relação ao Messias, o Cristo, que viria: “Aqui está o meu servo, a quem sustento; o meu escolhido, em quem me alegro; pus o meu Espírito sobre ele; ele trará justiça às nações” (Isaías 42:1).
Nesta última passagem citada – uma passagem messiânica – o profeta nos mostra as qualidades desse Servo do Senhor. As atitudes do Senhor Jesus são um padrão para seus discípulos. Em dois textos bíblicos apenas, se declara que Cristo é nosso exemplo: um, em relação ao serviço (João 13:15,16); o outro, em conexão com o sofrimento (I Pedro 2:21).
Existem princípios na vida do Senhor Jesus que devem ser reproduzidos na vida De todos aqueles que se declaram seus discípulos. Quais são eles?
I – DEPENDÊNCIA
“Aqui está o meu servo a quem sustento…” (v.1). Este é um dos aspectos mais surpreendentes do auto-esvaziamento que Cristo experimentou na sua encarnação. Ao assumir a forma humana, Jesus não se despiu de nenhum dos seus atributos ou prerrogativas, mas se esvaziou de sua vontade e de sua autossuficiência. Embora ele sustentasse “(…) todas as coisas pela palavra do seu poder (…)” (Hebreus 1:3), ele se identificou tanto conosco em todas as enfermidades da natureza humana (à exceção do pecado), que ele também precisava do sustento divino (João 5:19; 7:16; 14:24).
Jesus escolheu ser dependente do Pai em palavras e obras. Necessitamos ser dependentes assim, como Jesus. O Espírito Santo será capaz de usar-nos à medida que adotarmos a mesma atitude.
II – APROVAÇÃO
“(…) o meu escolhido, em quem me alegro (…) (v.1).Embora o Pai tenha se entristecido com o seu servo Israel, ele teve prazer nas atitudes do Filho. Em duas ocasiões ele quebrou o silêncio da Eternidade para declarar seu prazer no Filho, uma no batismo; outra no monte da transfiguração.
III – HUMILDADE
“Ele não gritará, não se exaltará, nem fará ouvir a sua voz na rua” (v.2). Em outras palavras: “Ele não falará alto, nem gritará”. Ele não seria barulhento, nem extravagante.O Diabo tentou Jesus neste aspecto quando o desafiou a saltar do pináculo do templo, criando, assim, um rebuliço. Nosso Senhor não caiu nessa armadilha. Ele fez exatamente o contrário: mandou que se calassem aqueles que proclamavam seus milagres por toda a parte. Evitou a adulação da multidão e não fez nenhum milagre para realçar o seu prestígio.
IV – EMPATIA (SENSIBILIDADE)
“Não quebrará a cana esmagada, nem apagará o pavio que esfumaça (…)” (v.3) Nenhuma vida chega a estar tão ferida e arruinada que Jesus não possa restaurar. E. Stanley Jones disse: “Jesus tinha esperança e paciência com o fraco, o vacilante, o pecador. Mas não fazia concessões nem se acomodava às suas imperfeições e pecados. Ele os sustentava para levá-los à vitória e não à derrota”.
Jesus é gentil, sensível, cuidadoso, que fala com mansidão, um homem que interfere na vida das pessoas com muito zelo. Seu tom de voz é baixo, respeitoso, que não se impõe pela força. Não porque seja fraco, ao contrário, porque é Todo Poderoso.
Jesus nos trata com essa honra e com esse cuidado, como quem está manuseando um caniço quebrado, a cana que foi esmagada, e como alguém que está mexendo num pavio fumegante, desejando que o fogo volte a acender.
Muitas vezes nos sentimos como a cana quebrada, um caniço esmagado. Algumas vezes somos como aquele pavio fumegante. Nessas horas precisamos agradecer a Deus seu cuidado e seu amor que nos colocam em pé novamente.
Mas precisamos pedir a Deus que saibamos tocar a vida das pessoas com o mesmo cuidado que ele nos toca.
V – OTIMISMO
“(…) não falhará nem se quebrará, até que estabeleça ajustiça na terra (…)” (v.4). Por mais que procuremos, não encontraremos pessimismo na vida ou no ministério de Jesus. Ele era realista, mas não pessimista. Ele demonstrava uma inabalável confiança no cumprimento dos propósitos do Pai e na vinda do Reino.
O escritor aos Hebreus declarou a respeito de Jesus: “(…) o qual, por causa da alegria que lhe estava proposta, suportou a cruz, não fazendo caso da vergonha que sofreu, e está assentado à direita do trono de Deus” (Hebreus 12:2).
O profeta Isaías ainda afirmou: “Ele verá o fruto do trabalho da sua alma e ficará satisfeito; com o seu conhecimento, o meu servo justo justificará a muitos e levará sobre si as maldades deles” (Isaías 53:11).
VI – UNÇÃO
“Aqui está o meu servo (…) pus o meu Espírito sobre ele (…)” (v.1).
Tudo o que Jesus fez foi através do poder do Espírito Santo (Atos 10:38). Até a descida do Espírito Santo sobre ele no batismo, Jesus não causou nenhuma agitação em Nazaré. Não devemos tentar fazer o que o nosso Senhor não fez – lançar-se ao ministério sem ser ungido pelo Espírito Santo.
Deus não nos dá o Espírito por medida (João 3:34). O que regula a provisão do Espírito é a nossa capacidade de receber (Filipenses 1:9). O que aconteceu ao nosso Senhor no Rio Jordão, e também aos 120, quando eles foram cheios do Espírito Santo no dia de Pentecostes, tem que acontecer conosco, se quisermos cumprir o ideal que Deus tem para nós como seus servos.
O discípulo de Jesus é chamado de ministro e sacerdote: “Mas vós sereis chamados sacerdotes do Senhor, e vos chamarão ministros do nosso Deus (…)” (Isaías 61:6).
Os sacerdotes ministravam ao Senhor. Os levitas ministravam aos seus irmãos. É privilégio do discípulo ministrar a ambos, e nós devemos, portanto, manter o equilíbrio entre o culto a Deus e o serviço ao próximo.
Devemos oferecer sacrifícios espirituais no santuário e nos engajar também em outros deveres – ministérios – no Reino de Deus.
O servo é responsável por levar as boas novas aos cativos na prisão (Isaías 42:6,7. Mas sua suprema responsabilidade é glorificar a Deus. “(…) Tu és meu servo; és Israel, por quem serei glorificado” (Isaías 49:3).
Nosso Senhor resumiu sua vida terrena em uma frase que devemos imitar: “Eu te glorifiquei na terra, completando a obra da qual me encarregaste” (João 17:4).Assim deve ser a vida do servo do Senhor!
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