Embrapa envia sementes brasileiras para banco mundial na Noruega
Embrapa envia sementes brasileiras para banco mundial na Noruega
Amostras farão parte do maior banco mundial de sementes
Por Andreia Verdélio – Repórter da Agência Brasil Brasília
A pesquisadora e supervisora de curadorias de germoplasma (material genético) da Embrapa, Rosa Lía Barbieri, representará o Brasil e acompanhará o depósito das 11 caixas que contêm as amostras. Representando as Américas, ela participará ainda da reunião do painel internacional que faz a validação e acompanhamento do trabalho do banco norueguês.
A Embrapa selecionou 3.037 acessos de arroz, 87 de milho, 119 de cebola, 132 de pimentas Capsicum e de 63 Cucurbitáceas (abóboras, morangas, melão, pepino, maxixe, quino e melancia), que serão mantidas a uma temperatura entre 18 graus Celsius (°C) negativos e 20°C negativos. Acessos são amostras de sementes representativas de diferentes populações de uma mesma espécie.
“Elas representam um pouco da diversidade da agricultura brasileira. É um pedacinho da Embrapa que está lá resguardado e é uma forma de garantir que esse material vai estar disponível para população”, disse Rosa, em entrevista à Agência Brasil.
Rosa explicou que esse material só poderá ser aberto pela própria Embrapa e é como uma cópia de segurança para conservação a longo prazo das sementes, que já são armazenadas nos bancos brasileiros. Além do Brasil, pelo menos 30 países também depositarão suas sementes em Savalbard no próximo mês. A cerimônia deve contar com a presença da primeira-ministra da Noruega, Erna Solberg.
Arca de vegetais
O banco genético em Svalbard recebe e conserva sementes de bancos genéticos do mundo inteiro para protegê-los da extinção e garantir a segurança alimentar da população. Em caso de uma catástrofe global, é de lá que sairiam as amostras para o recomeço da agricultura. No interior da montanha gelada existem cerca de 1 milhão de sementes armazenadas e congeladas em câmaras de segurança máxima, planejadas e construídas para resistir a desastres climáticos e explosões nucleares.
O local tem capacidade para 4,5 milhões de amostras de sementes. O clima glacial do Ártico assegura baixas temperaturas mesmo se houver falha no suprimento de energia elétrica das câmaras, que são abertas apenas três dias durante o ano. As baixas temperaturas e umidade garantem uma baixa atividade metabólica, mantendo o poder de germinação das sementes por séculos.
Essa é a terceira vez que o Brasil envia sementes a Svalbard. Em 2014 foram enviados pela Embrapa 514 acessos de feijão e em 2012, 264 de milho e 541 de arroz. A iniciativa é decorrente do acordo assinado entre a Embrapa e o Real Ministério de Agricultura e Alimentação da Noruega, em 2008.
Banco brasileiro
Para a pesquisadora Rosa Lía, a presença da Embrapa no banco de Svalbard dá visibilidade ao Brasil no cenário internacional. “É estratégico para o Brasil essa participação, já que o Brasil tem um protagonismo no trabalho com recursos genético na América Latina, faz todo sentido que a gente mostre isso para o mundo”, disse.
A Embrapa, em Brasília, também possui um banco genético com cerca de 130 mil amostras só de sementes, além de microrganismos e sêmen e embriões de animais, que formam o maior banco de recursos genético da América Latina e o quinto maior do mundo. A coleção serve, prioritariamente, apenas para a conservação do material dos bancos ativos de outras unidades da empresa, nos quais é feito o trabalho de campo, que consiste em testar e pesquisar as propriedades, fazer o manejo dos recursos genéticos e multiplicar as amostras a serem enviadas para bancos internacionais, pesquisadores e empresas solicitantes.
“É o armazenamento da riqueza e biodiversidade do Brasil. É uma das formas de a gente garantir que a sociedade brasileira, no futuro, terá segurança alimentar É aqui que a agricultura, a pecuária e o setor florestal brasileiro virão buscar a variabilidade genética, se for o caso, para combater pragas e doenças que venham atacar a agricultura brasileira”, explicou o presidente da Embrapa, Celso Moretti.
Em 1995, por exemplo, indígenas da etnia krahôs, do Tocantins, recorreram ao banco da Embrapa para recuperar sementes primitivas de milho e amendoim, pois não se adaptaram ao cultivo do milho híbrido comercial e já não possuíam mais a variedade local.
A Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia possui também um sistema de informação para consulta pública, o Alelo, com o registro de tudo que está armazenado em seus bancos genéticos.
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