Daniel Lima – Novos voos
Vejam, estou fazendo uma coisa nova! Ela já está surgindo! Vocês não a reconhecem? Até no deserto vou abrir um caminho e riachos no ermo.
Verifiquei que o contexto é uma profecia messiânica. O que Deus prometia fazer de novo era a vinda do Messias e a salvação de Israel, o que inaugurou uma nova etapa em seu plano de salvação. Fiquei ali sentado, pensando nas implicações deste texto para mim mesmo e pedindo que Deus fizesse coisas novas também em minha vida. Logo, piados, que me pareceram mais intensos que o normal, chamaram minha atenção novamente para a casinha de passarinhos. O casal de pais estava em uma travessa do telhado e parecia chamar com insistência. Logo um dos filhotes apareceu na porta da casinha e, após muita hesitação, se lançou em um voo eficiente, mas pouco elegante até a árvore mais próxima. Acredito que era seu primeiro voo. Fiquei encantado com o privilégio de assistir esta cena. Logo depois tudo foi repetido com um segundo filhote.
Durante a tarde minha esposa e eu reparamos que o ninho havia sido abandonado. Os filhotes haviam aprendido a voar, eram agora independentes. Os pais haviam cumprido uma tarefa para a qual haviam sido biologicamente programados. Uma etapa havia se encerrado e uma nova havia começado. Lembrei de meu último artigo, “Deus dos recomeços”. Uma cena tão singela como passarinhos deixando seu ninho me fez refletir no verso que havia lido um pouco antes. Nosso Deus é um Deus de recomeços, e isso forçosamente inclui novas etapas.
O apóstolo Paulo escreve em Filipenses 3.13-14:
13Irmãos, não penso que eu mesmo já o tenha alcançado, mas uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que ficaram para trás e avançando para as que estão adiante, 14prossigo para o alvo, a fim de ganhar o prêmio do chamado celestial de Deus em Cristo Jesus.
Fomos conquistados para estarmos eternamente em comunhão com Deus. Este é nosso chamado celestial em Cristo Jesus. Se você já atendeu a este chamado, é nesta direção que a vida está nos levando. Este não é só nosso destino, mas também nossa esperança. Por que, então, com frequência nos prendemos àquilo que ficou para trás? Por que ficamos remoendo um fracasso, ou um relacionamento que terminou, ou um período feliz que não volta mais? Ao observar os filhotes deixando o ninho, percebi neles uma grande hesitação. (O segundo filhote entrou e saiu do ninho umas 20 vezes antes de se lançar em seu voo.) Para um pássaro, deixar seu ninho e iniciar uma vida madura é uma questão de sobrevivência. Mas se pudéssemos atribuir a eles emoções humanas, eu diria que deixar o ninho não é fácil. Há por um lado a alegria e realização de voar, mas também o medo deste vasto mundo “lá fora”. Apesar de assustador, um pássaro que nunca sai do ninho está condenado à morte e nunca vai experimentar aquilo para que foi criado: voar.
Um dia vamos abrir os olhos na presença daquele que sempre nos amou. Será a chegada que nunca conhecemos, mas que já temos tanta saudade.
O exemplo e a exortação de Paulo é para que não fiquemos presos ao passado. Sejam experiências boas ou ruins. Sejam ninhos confortáveis, sejam espaços confinados. O passado tem seu valor, seu lugar no cuidado formador de Deus, mas ele é apenas isto: passos no plano formador de Deus. Precisamos deixar o passado e, confiando em nosso Deus, nos lançar aos voos que ele mesmo nos preparou e para os quais nos chama.
Um dia vamos abrir os olhos na presença daquele que sempre nos amou. Será a chegada que nunca conhecemos, mas que já temos tanta saudade. Um lugar onde ele mesmo enxugará nossas lágrimas. Um lugar tão maravilhoso que palavras não conseguem descrever. Até esse dia, vamos praticar o desapego das fases que deixamos para trás e a ousadia de nos lançarmos nos braços do seu amor. Minha oração é que neste ano você e eu possamos (com muita ou pouca hesitação) experimentar novos voos sob a orientação e proteção do Pai.
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