BELÉM

“Mas tu, Belém Efrata, embora sejas pequena entre os milhares de Judá, sairá de ti para mim aquele que reinará sobre Israel, cujas origens são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade” (Miquéias 5:2)

Pr. Hamilton Rocha*

    Cerca de 700 anos – sete séculos – o profeta Miquéias anunciou que Jesus, o Messias, nasceria em Belém. Nos dias do nascimento de Jesus os sacerdotes e estudiosos da lei entendiam esse verso como referente ao Messias (Mateus 2:3-6). Esse fato gerou alguma confusão nas pessoas daquela época (João 7:42).

    A primeira vez que a cidade de Belém é mencionada foi um duro episódio envolvendo Raquel, a amada de Jacó (Gênesis 35:16-19). Raquel estava prestes a dar a luz e o parto se complicou. Ao nascer a criança, Raquel quis dar o nome de “Benôni”, que significa “filho da minha dor”. Entretanto, Jacó preferiu o nome “Benjamim”, que significa “filho da minha mão direita”. Raquel morreu logo após o parto.

    Interessante que qualquer um desses nomes poderia ter sido aplicado a Cristo. Maria poderia tê-lo chamado de Benôni. Simeão disse a Maria que uma espada atravessaria a sua alma (Lucas 2:35). Maria poderia ter dito que Jesus seria o “filho da sua dor”. Como sofreria aquela mãe acompanhando o sofrimento do filho.

    O Pai Eterno poderia tê-lo chamado de Benjamim (“filho da minha mão direita”). O salmista, referindo-se a Cristo afirmou: “Assenta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos debaixo dos teus pés” (Salmo 110:1). Em vários outros textos das Escrituras encontramos essa verdade (Mateus 26:64; Marcos 14:62; Colossenses 3:1; Hebreus 1:3; 10:12). Porém o Pai preferiu chamá-lo de Jesus, que significa “Iavé salva”(Mateus 1:21). Salvar o perdido é o metier de Jesus, sua especialidade.

    Foi em Belém que Rute conheceu Boaz nos campos de trigo (Rute 1; 4:11), e entra para a genealogia de Jesus. Na genealogia de Jesus (Mateus 1:1-17), encontramos Tamar(Gênesis 38:24); Raabe (Josué 2:1); Rute (Rute 1:5) e Bate-Seba (II Samuel 11:2-5).

    Naason gerou a Salmom, de Raabe que gerou Boaz. Da união de Boaz com Rute nasceu Obede, que gerou Jessé, que gerou a Davi. Jesus é da linhagem de Davi. Em Belém nasceu Davi (I Samuel 16:1,18-19;17:12), assim como Jesus (Mateus 2:1).

    “Belém” significa “casa de pão” ou “casa de guerra”. O termo “efrata” é o correspondente aramaico. Cristo é para o homem pão (João 6:35,51) ou guerra (ruína, alvo de contradição, Lucas 2:34).

    Em relação à sua posição, Belém era “pequena demais para figurar como grupo de milhares de Judá”. Insignificante. Sequer é mencionada na lista de cidades (Josué 15; Neemias 11), onde as tribos de Judá viviam.

    Jesus nasceu entre os humildes. É onde Ele gosta de estar. Não houve pompas nem circunstâncias em seu nascimento. Nasceu de uma virgem pobre. Seu berço foi uma enxerga. Cresceu em uma pequena cidade. Não tinha moradia própria. O barco que usou não era seu. O jumentinho era emprestado. A casa onde ele celebrou a Páscoa pela última vez com seus discípulos era emprestada. O túmulo era emprestado. Somente a cruz eradele.

    Sua humildade joga por terra a arrogância humana. Ele gosta dos quebrantados de coração e humildes de espírito. Ele não quebra a cana quebrada. Ele ata. Ele cura as feridas do coração.

    Tanto a divindade quanto a humanidade de Cristo são claramente apresentadas neste versículo: o Messias nasceria em Belém; suas origens são desde a eternidade.

    Ninguém jamais viu a Deus, mas Deus estava em Cristo, naquele bebê. Os pastores se aproximaram dele. Simeão o tomou nos braços e os magos, cerca de dois anos depois, o visitaram e o ofertaram. Ninguém teria medo de aproximar-se de um bebê. Grande mistério: Deus veio na pessoa de um bebê. Deus se importava com a humanidade.

    Sejamos mais humildes com Jesus foi. Que sejamos misericordiosos como ele foi. Que falemos com graça e poder como ele falou. Que façamos do nosso coração uma manjedoura para ele nascer e um trono para reinar.