“Alimento e Sociedade” é tema de seminário do Fórum do Futuro
Foto: Banco de Imagens IICA
O seminário Alimento e Sociedade, coordenado pelo Fórum do Futuro, reuniu na sede do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) pesquisadores, ex-ministros, acadêmicos, gestores públicos e privados da cadeia de valor do alimento. O evento ocorreu em Brasília nos dias 27 e 28. “Conectar ciência, agricultura e humanidade a partir do alimento é o tema central do debate”, afirmou o diretor-executivo de Inovação e Tecnologia, Cleber Soares. Ele participou da abertura com a ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Tereza Cristina, o ex-ministro Alysson Paolinelli, representantes de organismos internacionais, da Academia Brasileira de Ciências (ABC), do Sebrae, reitores e outros especialistas com atuação na agricultura.
Na abertura foi lançado o livro da Embrapa “Geopolítica do Alimento: o Brasil como fonte estratégica de alimento para a humanidade”. O pesquisador da Secretaria de Inteligência e Relações Estratégicas (Sire) Gilmar Henz, um dos editores, entregou exemplares à ministra e aos demais convidados do painel inicial.
Cleber Soares trouxe três reflexões para o debate. “Contribuir para o combate à fome – hoje são mais de 800 milhões de pessoas passando fome no mundo -, traduzir os volumes de produção de alimentos em nutrientes e refletirmos sobre o alimento como experiência, associá-lo a conceitos como terroir, satisfação e agregação de valor nutricional e econômico”, afirmou.
E, como desafio, destacou a importância de “transbordar” o conhecimento gerado pela agricultura para a sociedade. “Se os agricultores brasileiros adotassem pelo menos 50% das tecnologias geradas pelo setor agropecuário, academia, Embrapa e organizações estaduais de pesquisa agropecuária, daríamos um salto de pelo menos o dobro da nossa capacidade de produção”.
Na mesma direção, Tereza Cristina defendeu a ampliação da assistência técnica. “Precisamos levar tecnologia para os 5 milhões de produtores rurais no Brasil, principalmente os pequenos, o que poderá ser um atrativo para a juventude ficar no campo. Rejuvenescer o setor”. Como exemplo, a ministra falou sobre a necessidade de universalizar e democratizar o acesso dos produtores a importantes iniciativas como o Programa ABC, para financiamento de projetos que reduzam os impactos ambientais causados por atividades agropecuárias. “Precisamos universalizar o máximo esse tipo de programa, com créditos, tecnologias e assistência técnica”, explicou.
Segundo ela, o governo brasileiro, junto com outros atores, como o sistema “S” e a Organização das Cooperativas do Brasil (OCB), está trabalhando para levar capacitação aos multiplicadores responsáveis pela assistência aos pequenos produtores. “Temos de ter gente pensando o futuro, fazendo pesquisa, como a Embrapa e as universidades, trabalhando por um Brasil que precisa de colaboração”, complementou. Ela destacou três eixos aos quais o Mapa tem dedicado especial atenção: regularização fundiária, agricultura 4.0 e estratégias para aumentar a assistência técnica.
“Precisamos também olhar as mulheres do campo, que são tão importantes quanto os jovens. Se ela fica no campo, o filho fica”, disse. A ministra defendeu o estímulo a atividades atrativas, como o artesanato, para as pequenas produtoras.
Agricultura verde
Alysson Paolinelli, por sua vez, chamou atenção para a agricultura verde, que ele considera a terceira onda do agro brasileiro. O ex-ministro lembrou que, dos 5,2 milhões de proprietários do setor rural, o país conseguiu integrar ao processo produtivo cerca de 840 mil. “Abre-nos agora uma oportunidade ímpar de entrarmos em um mercado novo que surge da agricultura sustentável. Oportunidade para que façamos as correções e possamos realmente nos tornar um país desenvolvido em agricultura, onde todos participam, onde haja uma verdadeira integração social”, afirmou Paolinelli, que é presidente do Fórum do Futuro.
Secretaria de Inteligência e Relações Estratégicas (Sire)
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