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Texto do Pr Hamilton Rocha (IBCalhau) publicado na PG do dia 23/11/2019

MAIS QUE PROFETA

Mateus 11:7-14; João 1:19-27

Pr. Hamilton Rocha*

    Os judeus enviaram embaixadores até João, o Batista, e aqueles fizeram-lhe duas perguntas: “Quem és tu?” (João 1:19) e “O que dizes a respeito de ti mesmo?” (João 1:22).

    Os embaixadores perguntaram a João Batista o que ele era e o que ele dizia a seu próprio respeito. Ninguém é tão reto juiz de si mesmo que ou diga o que é, ou seja o que diz.

    Desenganados os emissários de que João não era o Messias, perguntaram-lhe se ao menos ele era Elias (v.21). Sua resposta foi seca: “Não sou”. Insistiram: “Tu és o profeta? Ele respondeu: Não.

   Mas, que profeta? És um Daniel, um Isaías, um Jeremias, um Ezequiel? Que profeta és tu? És um dos quatrocentos profetas que enganaram a Acabe, rei de Israel? (I Reis 22:1-40). Ou és um Micaías?

    Os profetas não são julgados pelo número, mas pelo peso. “Todos os caminhos dos homens são puros aos seus olhos, mas o Senhor pesa o espírito” (Provérbios 16:2).

    Os profetas hão de se pesar, não hão de se contar. Os quatrocentos profetas, contados, eram mais do que Micaías; este, contudo, pesado, era mais que os quatrocentos.

    Como se conhece os profetas? Fiquemos com as lições de Vieira: Os profetas são conhecidos pelos olhos, pelo coração e pelos sucessos.

    Os profetas eram chamados no passado de videntes(I Samuel 9:9). Só os que vêem são profetas.

    Não prognostica melhor quem melhor entende, senão quem mais ama. O verdadeiro profeta ama as ovelhas e o ministério que lhe foi confiado.

    O verdadeiro profeta é aquele que o que prognosticou, sucede. “Quando o profeta falar em nome do Senhor e a palavra não se cumprir, nem acontecer como foi falado, é porque o Senhor não falou essa palavra; o profeta falou por arrogância; não o temerás” (Deuteronômio 18:22).

    Elias foi um verdadeiro profeta. Micaías também.

    Cansados, finalmente, os embaixadores de lhes responder que não era o Messias, nem Elias, nem profeta, pediram-lhe, finalmente, que lhes dissesse o que ele dizia a respeito de si mesmo.

    Ele respondeu, citando o profeta Isaías: “Eu sou a voz do que clama no deserto: Endireitai o caminho do Senhor” (v.23; Isaías 40:3).

    Ao invés de responder quem ele era, filho de Zacarias com Isabel, ele respondeu o que fazia. Cada pessoa é o que faz. As coisas são definidas pela essência. João Batista definiu-se por suas ações, porque as ações de cada um são a sua essência. Ele definiu-se pelo que fazia, para declarar o que era.

    Interessante é que o Batista disse que não era Elias, mas Cristo disse que ele era (Mateus 11:12-14). João Batista era Elias e não era Elias.

    Não era Elias porque as pessoas de Elias  e do Batista eram diversas. Porém João Batista era Elias porque as suas ações e as de Elias eram as mesmas. João executava suas ações semelhantemente a Elias.

    A modéstia do Batista disse que não era Elias pela diversidade das pessoas. Cristo afirmou que o Batista era Elias pela uniformidade das ações (Mateus 11:14). Era Elias porque fazia as ações de Elias. Quem realiza as ações de Elias é Elias.

    Quando te perguntarem quem és, responde o que fazes. Nossas ações definem nossa essência.

    Outro registro digno de reflexão: João Batista não foi à corte em Jerusalém, mas a corte foi a João Batista.

    O ofício procura o homem e não o homem o ofício. Nosso Senhor disse: “Não fostes vós que me escolhestes; pelo contrário, eu vos escolhi e vos designei a ir e dar fruto, e fruto que permaneça, a fim de que o Pai vos conceda tudo quanto lhe pedirdes em meu nome” (João 15:16).

    Aconteceu com Saul quando buscava as jumentas perdidas de seu pai (I Samuel 9 e 10). Semelhantemente Deus escolheu Arão como sacerdote (Números 17), Deus escolheu Davi (I Samuel 16).

    Samuel viu Eliabe, o primogênito de Jessé, Abinadabe, Samá e os demais. Faltava um. Por que Deus não revelou logo a Samuel?

    Deus revelara em sonhos a José do Egito o que ele seria. Ele contou o sonho a seus irmãos que tentaram impedir que o sonho se realizasse. Com Davi foi diferente. Todos os seus irmãos seriam testemunhas oculares da escolha divina e nada eles poderiam fazer em contrário.

         Por que o Batista foi mais que profeta? João Batista era profeta e não quis ser profeta. Ofereceram-lhe o título de profeta e ele não quis aceitar. E quem não quer ser profeta, nem aceitar o título de profeta, é mais que profeta.

    Precisamos de homens de Deus que tenham a humildade de João Batista. Na crise ministerial que atravessamos pensemos seriamente sobre isso.

    Entre os batistas, o ministério pastoral inclui as funções de bispo (epískopos: supervisor), presbítero (presbíteros: ancião, conselheiro) e pastor (poimén: apascentador). No Novo Testamento, esses títulos são empregados para definir funções distintas do cargo de líder da Igreja. Por essa razão o apóstolo Paulo se dirige aos presbíteros, lembrando-lhes de que eles foram constituídos bispos para apascentarem o rebanho de Deus: “Portanto, tende cuidado de vós mesmos e de todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para pastoreardes a igreja de Deus*, que ele comprou com o próprio sangue” (Atos 20.28).

    Que possamos ouvir do Supremo Pastor o mesmo que ele disse a respeito do Batista: “Que fostes ver no deserto? Um caniço agitado pelo vento? Mas, o que fostes ver? Um homem trajado de roupas finas? Aqueles que vestem roupas finas estão nos palácios dos reis. Então, o que fostes ver? Um profeta? Sim, vos digo, e muito mais do que um profeta” (João 11:7-9).

Pastor da Igreja Batista do Calhai em São Luís do Maranhão

 

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