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Comando Militar envia contingente para Operação Acolhida, em Roraima

Meta é dar assistência a imigrantes venezuelanos

 

Por Akemi Nitahara – Repórter da Agência Brasil  Rio de Janeiro

A solenidade de despedida e apronto operacional do efetivo do VII Contingente da Força-Tarefa Logística Humanitária da Operação Acolhida, que começa a embarcar para Roraima no dia 20, foi realizada hoje, na Vila Militar, no Rio de Janeiro. Serão ao todo oito embarques, da Base Aérea do Galeão.

A operação começou em março de 2018, com um rodízio do contingente de militares entre os comandos regionais do Exército para trabalhar em Pacaraima e Boa Vista (RR) e em Manaus (AM), recebendo os imigrantes venezuelanos que entram no Brasil pela fronteira norte devido à crise humanitária vivida pelo país vizinho.

Os 600 homens e mulheres da área do Comando Militar do Leste estão em preparação há duas semanas para exercer diversas funções, como segurança de fronteira, ordenamento dos acampamentos, emissão de documentos e auxílio às agências internacionais humanitárias que trabalham no local.  O chefe do estado maior desta fase da operação, coronel Carlos Cinelli, explicou que o objetivo da missão é “atenuar o sofrimento dessas pessoas” e, na medida do possível, “inseri-las no ordenamento jurídico e laboral brasileiro”.

Ajuda humanitária

“Nós temos uma preocupação desde o início da missão, não apenas abrigá-los num primeiro momento, oferecer ajuda humanitária, mas a partir daí expandir esse esforço e interiorizá-lo para outros estados do Brasil que estão colaborando com esse processo. Isso vai desde reunião familiar, quer dizer, do imigrante que veio no início e agora a sua família está vindo, até a obtenção de vagas de empregos sinalizadas”, disse.

O Exército realiza solenidade de apronto dos militares que participarão da Operação Acolhida, em Roraima, no 31º Grupamento de Artilharia de Campanha Escola, na Vila Militar
Exército promoveu, no Rio, solenidade de apronto dos militares que participarão da Operação Acolhida, em Roraima   (Akemi Nitara/Agência Brasil)

A assistente sênior de proteção do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) no Brasil, Sílvia Sander, lembrou que a agência foi a primeira a chegar a Roraima para atender a crise venezuelana, em junho de 2017, iniciando as conversas com o governo federal e com o Exército para montar a operação.

“Hoje, a resposta brasileira vem sendo considerada uma das melhores da região, se não a melhor para este fluxo misto venezuelano, em função, sobretudo, dessa sinergia de esforços que une agencias das Nações Unidas, Exército Brasileiro, sociedade civil e governos. Nesse contexto, o apoio do Exército, sobretudo em questões logísticas e de cooperação em todas as etapas da operação Acolhida, é fundamental para que ela aconteça”, explicou Sílvia.

Para ela, o trabalho está sendo tão bem-sucedido que a Acnur está replicando o modelo em outras regiões. “Os inúmeros desafios em todos os três eixos da Operação Acolhida, que é o ordenamento de fronteira, abrigamento e interiorização, têm sido exportados como uma boa prática a nível regional nas Américas e a nível mundial”.

Segundo Sílvia, a estimativa da Acnur é que nos últimos anos mais de 400 mil venezuelanos entraram no Brasil, sendo que uma parte segue viagem para outros países, como Argentina e Chile, e uma parte fica no Brasil.

“A maioria fica represada em Roraima, onde temos um número flutuante de pessoas abrigadas, atualmente são cerca de 6.700 pessoas abrigadas em Pacaraima e Boa Vista e mais 3 mil vivendo em alojamentos precários ou em situação de rua em Boa Vista”, disse.

Situação na Síria é mais dramática

Ela afirma que, no ano passado, existiam 70,8 milhões de pessoas em contexto de deslocamento forçado no mundo, sendo 25 milhões refugiadas. A pior situação em número de pessoas é a da Síria, com uma crise humanitária que já completa oito anos, e a Venezuela é considerada a segunda maior, com 4,5 milhões de pessoas que deixaram o país no atual contexto.

Segundo Sílvia, se continuar nesse ritmo, até o começo de 2020 a crise venezuelana vai ter superado a da síria.

“A gente chama de uma situação de grave e generalizada violação de direitos. Associando uma crise política a uma hiperinflação, falta de acesso a medicamentos e pré-natal. As pessoas não estão conseguindo se alimentar, não estão conseguindo encontrar antibióticos nos postos de saúde, não estão conseguindo trabalhar. Então, elas começam a sair [do país]”, finalizou.

O trabalho humanitário da Operação Acolhida ocorre em parceria com a Marinha do Brasil, a Força Aérea Brasileira, ministérios, o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), Organizações Não Governamentais, agências civis, secretarias estaduais e municipais, com coordenação do Ministério da Defesa.

Edição: Kleber Sampaio

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