O governo internacionalmente reconhecido pelo Iêmen e os separatistas apoiados pelos Emirados Árabes Unidos assinaram um acordo de compartilhamento de poder para deter as lutas internas.

O príncipe herdeiro saudita Mohammed bin Salman anunciou o acordo entre o governo iemenita e os separatistas do sul para encerrar uma luta pelo poder no sul do país devastado pela guerra, informou a TV estatal saudita na terça-feira.

O príncipe Mohammed descreveu o “Acordo de Riad” como um passo crucial para uma solução política para acabar com a sangrenta guerra de quatro anos no Iêmen.

“Este acordo abrirá um novo período de estabilidade no Iêmen. O reino da Arábia Saudita está ao seu lado”, disse o príncipe herdeiro saudita em uma cerimônia de assinatura em Riad, exibida na televisão estatal.

“É um dia alegre na Arábia Saudita, quando os dois lados se reúnem.”

Nenhum detalhe foi revelado durante a cerimônia, mas fontes disseram que o acordo pede que uma reforma do governo inclua os separatistas. Suas forças armadas também foram colocadas sob controle do governo, disseram as fontes.

Lutas internas prejudiciais

Em agosto, o movimento separatista apoiado pelos Emirados Árabes Unidos, que busca o autogoverno no sul do Iêmen , atacou as tropas do governo quando suas forças tomaram seu assento provisório na cidade de Aden.

Semanas de lutas sangrentas alimentaram os temores de um enfraquecimento adicional do bloco rebelde anti-Houthi e minaram as chances de encontrar uma solução negociada para a guerra civil.

O enviado especial da ONU para o Iêmen, Martin Griffiths, parabenizou os dois lados pelo acordo.

“A assinatura deste acordo é um passo importante para nossos esforços coletivos para promover um acordo pacífico para o conflito no Iêmen”, afirmou ele em comunicado. “Ouvir as partes interessadas do sul é importante para os esforços políticos para alcançar a paz no país”.

Catherine Shakdam, ex-consultora do Iêmen no Conselho de Segurança da ONU, disse à Al Jazeera que o acordo de terça-feira foi “muito significativo”.

“Acho que será um plano ou uma pedra angular para a paz no Iêmen”, afirmou Shakdam.

“Oferece algum grau de consenso, talvez não com todos os atores envolvidos nesta guerra no Iêmen, mas pelo menos alguns deles. E acho que permitirá que a razão retorne e demonstre a todos os atores que uma paz pode ser mediada . “

Lutando contra os houthis

O Conselho de Transição do Sul (STC), separatista dos Emirados Árabes Unidos, e o governo do presidente do Iêmen, Abd-Rabbu Mansour Hadi, saudita, concordaram anteriormente com um acordo inicial destinado a encerrar as lutas.

O STC é um grupo iemenita que se juntou à aliança militar liderada pela Arábia Saudita, que interveio no Iêmen em março de 2015 para restaurar o governo de Hadi logo após ser removido da capital, Sanaa, pelos rebeldes houthis.

Riyadh tentou reorientar a coalizão liderada pelos Emirados Árabes Unidos para combater os houthis em sua fronteira, depois que os rebeldes lançaram repetidamente mísseis e ataques com drones nas cidades sauditas nos últimos anos.

Nas últimas semanas, o reino aumentou sua presença militar no sul do Iêmen, trazendo tropas adicionais, veículos blindados, tanques e outros equipamentos militares.

Assumiu o controle de Aden no início deste mês, depois que os Emirados Árabes Unidos retiraram algumas de suas forças da cidade.

A guerra no Iêmen matou dezenas de milhares de vidas, levou milhões à beira da fome e gerou a crise humanitária mais devastadora do mundo.

Mohdar al-Omari, comandante da milícia separatista do sul, saudou as notícias do acordo de terça-feira.

“Parabenizamos nosso povo do sul com o acordo de Riyadh, que é a única solução para a situação atual, e enviamos nossos parabéns à nossa liderança militar e política por esta grande e histórica ocasião”.