Texto do Pr Hamilton Rocha publicado na PG do dia 23/06/2019
“NO MUNDO TEREIS AFLIÇÕES”
João 16:33
Pr. Hamilton Rocha *
Nesse texto vamos encontrar uma afirmação, um encorajamento e uma certeza. São palavras de nosso Senhor aos seus discípulos.
I – UMA AFIRMAÇÃO
“No mundo tereis aflições…”. John Stott em “A Cruz de Cristo” nos ensina que “há uma tensão entre o ‘já’ e o ‘ainda não’. Embora o Diabo já tenha sido derrotado, ele não admitiu a derrota. Embora ele já tenha sido derrubado, ele ainda não foi eliminado. Na realidade ele continua a exercer grande poder. Por um lado estamos vivos, assentados com Cristo nas regiões celestiais. Por outro lado somos prevenidos a usar toda a armadura de Deus.De um lado temos a garantia que, tendo nascido de Deus, o Maligno não nos toca. Por outro lado somos admoestados a vigiar porque nosso Adversário anda em derredor rugindo como leão, buscando alguém a quem possa tragar. Cristo já inaugurou seu reino, mas este ainda não se consumou. O mundo porvir já teve suas bases lançadas, mas ainda não veio. Somos filhos de Deus, mas ainda não entramos na plena liberdade dos filhos de Deus.Satanás já foi vencido na cruz, porque Jesus entrou em seus domínios, mas ele ainda foi subjugado por completo.Já passamos da morte para a vida, mas ainda não chegamos ao céu.
Somos a igreja militante e não triunfante. O Hino 504do HCC (3ª. estrofe) expressa essa verdade: “Em meio aos sofrimentos que vive a enfrentar, espera a Igreja santa um dia triunfar. Pois a visão gloriosa enfim se cumprirá. E a igreja vitoriosa em paz repousará.”
Igreja triunfante só no céu. Somos a igreja militante.Temos vitória, superamos dificuldades, triunfamos sobre as crises. Mas ainda estamos batalhando. A vida não se compõe apenas de triunfos. Há percalços. A estrada para a Jerusalém Celestial não possui apenas montanhas. Há vales. Há depressões. Não há como viver sem se machucar.
O personagem Riobaldo Taturana de “Grande Sertão – Veredas”, do escritor Guimarães Rosa exclama: “Viver é muito perigoso”. Gonçalves Dias deixou-nos os seguintes versos: “A vida é luta renhida, viver é lutar. A vida é combate que os fracos abate, que os fortes, os bravos, só pode exaltar”.
A vida cristã não é menos perigosa. O Diabo, nosso inimigo, anda ao redor como um leão, buscando alguém para que possa tragar(I Pedro 5:7). Cristo nos chama para tomar a cruz e não o trono, não a coroa. Por isso devemos ter mais cautela, menos açodamento. Ao invés de dizer “sou filho do Rei e mereço o melhor”, devemos dizer: “Eu pertenço a Cristo e tenho a promessa do melhor. Em alguns momentos desfrutarei do melhor, mas tenho o pior inimigo me caçando.
II – UM ENCORAJAMENTO
Onde está o encorajamento? Na seguinte expressão: “…mas tende bom ânimo…”
Cristianismo é cruz e coroa. Não podemos ter a coroa antes da cruz. O evangelista João registrou o que se segue: “E os soldados teceram uma coroa de espinhos e a puseram sobre a sua cabeça; vestiram-lhe um manto púrpura” (João 19:2).
Primeiro os soldados romanos puseram-lhe na cabeça uma coroa. Fizeram-na utilizando ramos de espinheiros, amontoados ali para o brasido da guarda pretoriana, e crivaram-na de cardos, que com suas pequeninas flores vermelhas e azuis, davam a impressão de pedras preciosas, como se fosse o diadema de um rei.
Depois puseram-lhe aos ombros uma cruz. “E ele, carregando a própria cruz, saiu para o lugar chamado Caveira, que em hebraico se chama Gólgota” (João 19:17).
Na fronte uma coroa. Nos ombros uma cruz. Cruz e coroa. Eis aí o brasão do cristianismo, que os legionários romanos desenharam sem que o percebessem. O cristianismo é uma religião heráldica. Nenhuma outra se apresenta com iguais foros de nobreza.
Cruz é sofrimento. Coroa é vitória. A cruz sozinha, como emblema do cristianismo, não diz tudo, porque diz apenas dor. E cristianismo é dor triunfante. Aquela coroa na fronte de Jesus completa o quadro. Cristo sofre, mas sofre vitoriosamente.
Cristianismo é sofrimento e glória. Glória com preço de sangue. Aquela coroa de espinhos, macerando a face augusta de Cristo, diz numa eloquência muda que, vindo depois da cruz, o evangelho deve ser uma glória que tem o seu preço em sangue.
Essas, porém, não são as insígnias de Cristo somente, mas de todo cristão também. Portanto, coragem. Prepare-se para a luta. Se estiver passando por dificuldades, enfrentando grandes crises, examine a situação com objetividade. Se for sua culpa, arrependa-se. Vale lembrar a recomendação do apóstolo Pedro: “Mas nenhum de vós sofra como homicida, ladrão, praticante do mal, ou como quem se intromete em negócios alheios.” (I Pedro 4:15).
Conserte sua vida. Ponha-a em ordem. Não culpe os outros pelos seus erros. Assuma-os. “Mas, se sofrer como cristão, não se envergonhe disso; pelo contrário, glorifique a Deus com esse nome” (I Pedro 4:16).
Sofrer não é pecado nem falta de fé. Faz parte da vida.Em alguns momentos será inevitável. Mas Cristo nos disse que estaria conosco sempre. Coragem. Não jogue a toalha. Cristo está ao seu lado.
III – UMA CERTEZA
Porém Cristo nos dá uma certeza: “Eu venci o mundo”.
Ele venceu por nós. Apropriemo-nos da vitória de Cristo. Ele venceu o pecado, o mal e a morte. Nele somos mais do que vencedores. Nem a morte poderá nos separar dele.
Um homem procurou o médico que atendia em seu consultório ao lado de sua residência. Aquele estava com muito medo de morrer. Disse ele ao médico: Tenho medo de morrer. O que há depois? Calmamente o médico respondeu: “Eu não sei”
Você não sabe e fala isso com tanta tranquilidade?
Nesse momento ouviram um ruído de arranhões e ganidos do outro lado da porta fechada. Quando o médico abriu a porta, um cão entrou e pulou sobre ele alegremente.
Esse cão nunca esteve nessa sala. Ele não sabia de nada que há aqui. Só que seu dono estava aqui. Não sei nada do que há depois da morte, mas de uma coisa eu sei: Meu Senhor estará lá, e isso é suficiente, disse o médico.
Os sofrimentos do tempo presente não se podem comparar com a glória que será revelada em nós (Romanos 8:18). Não sabemos de tudo o que acontecerá na outra vida, do outro lado, Porém uma certeza nós temos: Nosso Senhor estará lá.
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