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Texto do Pr Hamilton Rocha – PG do dia 09/06/2019

MINHAS MÃOS

“…vede as minhas mãos…” João 20:27

Pr. Hamilton Rocha *

    “As Mãos de Eurídice”, é uma peça teatral brasileira de Pedro Bloch, interpretada magistralmente por Rodolfo Mayer com mais de 3.000 apresentações em solo brasileiro e mais de 800 mil apresentações no mundo inteiro. A peça estreou em treze de maio de 1950 no Rio de Janeiro.

    O monólogo narra as desventuras de Gumercindo Tavares, escritor, que decide abandonar a família e fugir com a jovem, bela e ambiciosa Eurídice com destino a Mar Del Plata, na Argentina. Gumercindo compra-lhe jóias e presentes caros que ela torra nos cassinos argentinos, levando-o à ruína. Para reverter a situação ele propõe vender as jóias. Eurídice não aceita a proposta.Após sete anos, abandonado pela amante, doente e arruinado, Gumercindo retorna  arrependido à sua família. Mas ela já não é a mesma: a esposa Dulce tem outro, a filha casou e o filho morreu de tuberculose. Nesse meio tempo Eurídice volta e o escritor pede-lhe novamente as jóias de volta. Com a nova recusa da amante, ele desfere-lhe dois tiros, matando-a. Gumercindo, que subtraiu as jóias das mãos da amante assassinada, pode dizer no final, para a esposa ausente: “Eu quero cobrir as suas mãos de jóias. Eu quero as suas mãos, Dulce! Eu voltei! Eu voltei!”As mãos de Eurídice eram hábeis nos cassinos, onde Gumercindo Tavares perdeu sua fortuna.

    Mas, e as minhas mãos? O que posso dizer delas?

    Neste domingo em que comemoramos “O Dia do Pastor” olho para as minhas mãos e as apresento a Deus em oração:

    Senhor, graças te dou pelas minhas mãos. Com elas acaricio e abençoo minha mulher, minhas filhas e meus netos. Com elas expresso amor, carinho, afeição. Com elas percorro as páginas inspiradas das Sagradas Escrituras, folheio meus livros, preparo estudos, escrevo sermões. Com elas aperto outras mãos, estreitando assim, os laços fraternais de amor.

    No púlpito elas puxam uma rede, sustentam uma candeia, abençoam teu povo e apontam para a cruz onde efetuaste tão grande e eterna redenção.

    Senhor, que elas nunca sejam de rapina, que elas nunca esvaziem os teus tesouros como as mãos sacrílegas de Ofni e Finéias, sacerdotes do Senhor.

    Que minhas mãos não sejam mãos aduncas, como as de Judas, que afrontaram o sangue do teu altar. Que elas também não sejam como as mãos de Ananias e Safira, que deram menos do que fingiram dar.

    Mas, que elas sejam mãos estendidas, encolhidas nunca, para dar, ajudar, perdoar, amparar, chorar. Que sejam mãos calejadas, castigadas pelo trabalho e não manicuradas pela indolência.

    Que elas estejam limpas. Mãos marcadas. Mãos de pastor, não de lacaio. Honestas e não ratoneiras.

    Mãos obedientes como as de Abraão que se estenderam para sacrificar seu filho. Mãos de líder como as de Moisés, conduzindo o teu povo rumo à Terra Prometida. Mãos habilidosas como as de Davi no manejo da funda com a qual derrotou Golias. Mãos consagradas como as de Salomão na dedicação do templo do Senhor. Mãos proféticas como as de Eliseu, apanhando a capa de Elias.Mãos como as de José de Arimateia, que ungiu o corpo do Senhor. Mãos com as de Maria que ofereceu seu melhor perfume ao Senhor. Mãos como as do apóstolo Paulo, na construção de tendas, templos e vidas.

    Mas, sobretudo, Senhor. Que as minhas mãos se pareçam com as tuas. Pois tu foste homem, e eu homem sou. Mãos que abriram rolos sagrados. Que enxugaram sangue, suor e lágrimas.

    Que eu possa mostrar as minhas mãos, como tu mostraste as tuas. E que elas caladas, e não só com os meus lábios falando, façam cair as bastilhas da incredulidade. Que elas nunca façam mentir os meus lábios, na vida e, principalmente, quando eu estiver no púlpito pregando.

    Eis as mãos que te peço, Senhor. Minhas mãos. Mãos de pastor. Que elas sejam semelhantes às mãos do meu Pastor. Amém.

Pastor da Igreja Batista do Calhau em São Luís – MA

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