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Cientistas israelenses acreditam que em um ano terão “a cura para o câncer”

Técnica utiliza codificação genética de ponta para matar as células doentes.

FONTE: GUIAME, COM INFORMAÇÕES DO JERUSALÉM POST

 

Pesquisa de imunoterapia de câncer com célula e tubo de ensaio. (Foto: Shutterstock)
Pesquisa de imunoterapia de câncer com célula e tubo de ensaio. (Foto: Shutterstock)

 

Pesquisadores israelenses podem ter descoberto a primeira “cura completa para o câncer” usando codificação genética de ponta para matar células doentes. A notícia foi divulgada nesta segunda-feira (28) pelo jornal israelense Jerusalém Post.

As informações foram dadas por Dan Aridor, presidente do conselho da Acelerated Evolution Biotechnologies (AEBi), empresa que está desenvolvendo o tratamento em Israel.

“Nossa cura para o câncer será eficaz desde o primeiro dia, terá duração de algumas semanas e não terá nenhum efeito colateral – ou mínimo – a um custo muito menor do que a maioria dos outros tratamentos no mercado”, disse Aridor em entrevista ao jornal.

O tratamento é chamado MuTaTo (toxina multi-alvo) e foi comparado a um “antibiótico de câncer” em um relatório. A equipe desenvolveu a terapia do câncer depois de avaliar uma variedade de medicamentos contra o câncer e tratamentos que falharam no passado.

“Nós nos certificamos de que o tratamento não será afetado por mutações; as células cancerígenas podem sofrer mutações de tal forma que os receptores alvos são eliminados pelo câncer”, explicou o Dr. Ilan Morad, CEO da AEBi.

Ele equiparou o conceito de MuTaTo ao coquetel triplo de drogas que ajudou a transformar a AIDS de uma sentença de morte automática para uma doença crônica.

Descoberta

O medicamento anticâncer, potencialmente revolucionário, é baseado em uma tecnologia que pertence ao grupo de tecnologias de exibição de fagos (fago, do grego fagoína significa “devorar”). Envolve a introdução do DNA codificador de uma proteína, como um anticorpo, em um bacteriófago – um vírus que infecta bactérias. Essa proteína é então exibida na superfície do fago.

Os pesquisadores podem usar esses fagos exibindo proteínas para rastrear interações com outras proteínas, sequências de DNA e pequenas moléculas.

Em 2018, uma equipe de cientistas ganhou o Prêmio Nobel por seu trabalho sobre a exibição de fagos na evolução dirigida de novas proteínas – em particular, para a produção de anticorpos terapêuticos.

A empresa AEBi está fazendo algo semelhante, mas com peptídeos (compostos de dois ou mais aminoácidos ligados em uma cadeia). De acordo com Morad, os peptídeos têm diversas vantagens sobre os anticorpos, incluindo que são menores, mais baratos e mais fáceis de produzir e regular.

Os cientistas disseram que abandonaram o caminho de outras tentativas que não produziam o resultado esperado.

“Estávamos fazendo o que todo mundo fazia, tentando descobrir novos peptídeos específicos para cânceres específicos”. Mas pouco depois, Morad e seu colega, Dr. Hanan Itzhaki, decidiram que pegariam um caminho de estudo diferente.

Morad disse que eles precisavam identificar por que outras drogas e tratamentos que matam o câncer não funcionam ou eventualmente fracassam. Então, eles encontraram uma maneira de combater esse efeito.

“A maioria das drogas anticâncer atacam um alvo específico na célula cancerosa”, explicou. A inibição do alvo geralmente afeta um caminho fisiológico que promove o câncer. Mutações nos alvos – ou a jusante em suas vias fisiológicas – poderiam tornar os alvos não relevantes para a natureza cancerígena da célula, e, portanto, o ataque da droga se tornaria ineficaz.

Técnicas do MuTaTo

Em contraste às técnicas existentes, o MuTaTo está usando uma combinação de vários peptídeos de direcionamento de câncer para cada célula cancerosa ao mesmo tempo, combinada com uma forte toxina peptídica que mataria especificamente as células cancerígenas.

“Usando pelo menos três peptídeos de alvo na mesma estrutura com uma toxina forte”, Morad disse, “nós nos certificamos de que o tratamento não será afetado por mutações; as células cancerígenas podem sofrer mutações de tal forma que os receptores alvos são eliminados pelo câncer”.

“A probabilidade de ter múltiplas mutações que modificariam todos os receptores-alvo simultaneamente diminui drasticamente com o número de alvos usados”, continuou Morad. “Em vez de atacar os receptores um de cada vez, atacamos os receptores três de cada vez – nem mesmo o câncer pode causar mutação em três receptores ao mesmo tempo”.

O cientista explica ainda que, além disso, muitas células cancerosas ativam mecanismos de desintoxicação quando sob estresse por drogas. As células bombeiam as drogas ou modificam-nas para não serem funcionais. Mas Morad disse que a desintoxicação leva tempo. Quando a toxina é forte, tem uma alta probabilidade de matar a célula cancerosa antes de ocorrer a desintoxicação, situação na qual ele está apostando.

Liberação

Antes de a técnica ser liberada, existem alguns estágios obrigatórios. Até agora, as afirmações dos pesquisadores são baseadas apenas em experimentos em camundongos.

O próximo passo seria provar os trabalhos de tratamento em modelos humanos de câncer – no laboratório.

Havendo prova de que a técnica é eficaz, os cientistas teriam então que realizar ensaios clínicos de fase I, II e III para determinar se é segura e eficaz.

Fatores incluindo o tipo de câncer – existem 200 no total –, o tipo de tratamento e a duração do tratamento podem afetar o tempo que os medicamentos levam para chegar ao estágio de licenciamento.

No Brasil, a aprovação de qualquer medicamento é feita pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) antes de ser administrada aos pacientes.

Cerca de 18,1 milhões de novos casos de câncer são diagnosticados em todo o mundo a cada ano, de acordo com relatórios da Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer. Além disso, cada seis mortes no mundo é devido ao câncer, tornando-se a segunda principal causa de morte (perdendo apenas para as doenças cardiovasculares).

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