Ora, o intuito da presente admoestação visa ao amor que procede de coração puro, e de boa consciência, e de fé sem hipocrisia – 1 Timóteo 1:5
Já que a democracia moderna na qual vivemos impõe o voto de forma obrigatória como a maneira de legitimar o exercício do poder, é responsabilidade de todos aqueles que, de alguma forma, são formadores de opinião, ajudarem o seu público a fazer desse ato social, o voto, uma ação consciente e um verdadeiro exercício de cidadania. Para ser mais eficaz e verdadeiramente representativo, o voto, mesmo compulsório, tanto para a escolha do poder executivo, quanto do legislativo, faz parte do conjunto de direitos e deveres atribuídos aos indivíduos que integram nossa nação.
Nos dias de hoje a comunidade evangélica representa, sem exagerar o número, cerca de 50 milhões de pessoas, uma grande parte, votantes. Esse contingente que continua a crescer a cada dia, pode ser, sim, uma força, não apenas com simples ingerência política, mas que poderá promover transformação em nossa combalida pátria.
Além disso, a igreja evangélica, assim como também a Igreja Católica, ambas professando a fé e princípios cristãos, deve ter a consciência de que se este potencial for omisso, sempre haverá gente organizada e engajada para tomar o poder e assim impor suas práticas, tendências e ideologias, muitas delas, contrárias ao que a Igreja acredita e quer viver, os quais, também não hesitarão em saquear a nação, como têm feito.
Por isso, como cristão, pastor, jornalista e cidadão, me sinto na obrigação de escrever o que penso ser um voto consciente dos cristãos brasileiros, tanto de evangélicos quanto católicos.
1 – O voto consciente cristão não deve ser orientado por nenhuma das ideologias partidárias que compõe o quadro político brasileiro. Em todos os partidos existem ideias boas com as quais podemos concordar e outras, que não aprovamos, por isso, nosso voto não deve ser baseado nem em ideologias de direita, centro ou esquerda e tampouco, em nenhum partido ou agremiação política. Temos que ter atenção para que, com o nosso voto, não estejamos nos condenando naquilo que aprovamos.
2 – O voto consciente cristão não deve ser imposto por nenhum pastor, padre ou líder religioso. As lideranças devem aconselhar, mas não impor. O voto, sobretudo, é livre e deve ser fruto de convicções de cidadãos igualmente livres a escolher seus representantes. Por isso, como igreja ou liderança nas comunidades, não devemos fechar apoio a determinado candidato, nem a determinado partido. Respeitamos o posicionamento e a consciência de cada um e não devemos criar constrangimento a ninguém indicando para votar neste ou naquele candidato. O “Voto de Cabresto” é reprovável.
3 – O voto consciente cristão não deve ser baseado nas pesquisas de opinião pública pois essas pesquisas inúmeras vezes são errôneas e cobertas de interesses e sobretudo, tentam manipular a população a favor ou contra esse ou àquele candidato.
4 – O voto consciente cristão, não deve ser comprado ou objeto de troca. Se alguém oferecer algum benefício pelo seu voto, deve ser denunciado e totalmente rejeitado. Em tempo de eleições candidatos procuram pastores e líderes cristãos para oferecerem favores em troca de apoio político dos fiéis. Isso é totalmente contrário à ética cristã. E também acontece de pastores que procuram políticos buscando favores em troca dos votos de seus membros, o que é também condenável. Não trocamos voto por tijolo ou por terreno, muito menos por cargos ou benefícios políticos. Quem vende seu voto, vende sua consciência e sua liberdade. Quem vende seu voto, vota contra si mesmo. Quem vende seu voto, vende a si mesmo.
Como deve ser o voto consciente cristão?
1 – Primeiramente deve ser um voto exercido debaixo de oração. Mais do que nunca a Igreja deve se reunir nessa época de eleições, para buscar a vontade de Deus e as pessoas certas em quem votar. Acima de sermos uma força política, somos uma força espiritual que busca em Deus e na sua palavra as respostas políticas.
2 – O voto consciente cristão deve ser direcionado a pessoas que possam representar e lutar pelos valores e princípios que acreditamos trazerem para toda a nação bênção de Deus e não, as maldições. As igrejas devem, inclusive, quando possível sabatinar candidatos para conhecer suas ideias, princípios e valores.
3 – O voto consciente cristão deve evitar toda pessoa que, abertamente, expressa contrariedade à Palavra e princípios de Deus. Deve evitar aqueles que são alinhados com as diversas ideologias comportamentais, como a ideologia de gênero, que estão sendo trazidas e impostas sobre a sociedade, focando principalmente as crianças. Deve-se ter consciência que essas ideias são encabeçadas por gente que já está no poder e quer dar continuidade a essa agenda maligna.
4 – O voto consciente cristão deve rejeitar toda e qualquer apologia contrária aos valores da família. Temos que ter muita atenção com pessoas que tentam impor, por exemplo, a sexualidade em desacordo com a criação de Deus – homem e mulher, macho e fêmea, menino e menina. Quem pensa ao contrario, não nos representa.
5 – O voto consciente cristão deve rejeitar pessoas comprovadamente envolvidas em corrupção. Cada candidato deve ser cuidadosamente verificado, pois alguns, mesmo se dizendo cristãos, não tem um bom testemunho de vida o que acaba por comprometer sua integridade.
6 – O voto consciente cristão, quando possível, deve focar prioritariamente homens e mulheres cristãos ou claramente tementes a Deus. No caso de reeleição deve-se verificar o histórico de projetos, votações e ações parlamentares desse candidato durante o seu mandato, pois, aquilo que ele aprovou, mostra seus compromissos.
Acredito que vivemos uma época em que a renovação nos três poderes se fazem necessárias. O povo contudo, só pode interferir em dois desses poderes de forma direta através do voto que deveria ser o momento mais importante da democracia, que contudo, não se resume às eleições, mas através do exercício da cidadania política que de alguma forma deva ter continuidade ao fiscalizar a eficiência e transparência na gestão pública.
O voto, não é portanto uma entrega de poder e sim uma delegação do mesmo para promover bem estar e transformação para todos os níveis da sociedade.
Como cristãos podemos participar efetivamente desse processo nesse próximo pleito. Temos a oportunidade de ouro para iniciar mudanças.
Não sou a favor do voto útil, isso é, aquele que se vota em alguém para não perder a viagem ou o voto, ou, simplesmente se vota em quem está à frente nas pesquisas. Eu prefiro recomendar aquilo que eu pratico: quando não encontro alguém condizente com minhas expectativas de fé e princípios, não tenho nenhum problema em anular meu voto para ficar assim em paz com minha consciência.
Bom voto!
Asaph Borba