O deputado Dr. Yglésio (PSB) enfrentou duros ataques, na semana que passou, depois de fazer a denúncia de que jogos disseminados na Internet podem estar sendo manipulados no Maranhão como uma modalidade disfarçada de pirâmide financeira.
“O que eu fiz, na verdade, foi chamar a atenção dos órgãos de proteção às pessoas, e aos órgãos de fiscalização de atividade econômica, como o Procon, em relação a esses joguinhos de internet que estão se enraizando hoje em dia junto aos chamados influenciadores digitais em nosso Estado”, explicou o deputado. Ele acredita que esses jogos de Internet podem, na verdade, ser configurados como pirâmide financeira disfarçada.
Yglésio informou que está elaborando um projeto de lei com o objetivo de impedir que influenciadores digitais façam propaganda de jogos eletrônicos na internet.
“Já se sabe que este tipo de coisa é uma propaganda enganosa”, frisou o parlamentar, acrescentando que já tramita na Câmara dos Deputados um Projeto de Lei – PL 3915/2023 -, que visa proibir a divulgação, promoção ou endosso de empresas de apostas, cassinos e jogos de azar por digital influencers e artistas.
A medida, segundo Yglésio, é uma resposta ao aumento da presença desses conteúdos em plataformas de mídia social, levantando preocupações sobre o impacto que essa exposição pode ter, especialmente sobre os jovens.
Ele revelou que, por conta da denúncia que fez em relação a influenciadores digitais maranhenses, começou a ser xingado nas redes sociais. “Tive ameaças de vazamento de conversas que nunca existiram, tive ofensas de toda sorte”. Yglésio afirma que irá formular denúncias ao Poder Judiciário, à Polícia Federal, à Delegacia da Receita Federal, ao Ministério Público e à Polícia Civil, através da Superintendência de Investigações Criminais (Seic).
Médico e professor universitário, Yglésio Luciano Moyses Silva de Souza, conhecido como Dr. Yglésio, tem 42 anos, é casado e pai de três filhos. Está no segundo mandato de deputado estadual. Sua carreira política teve início no ano de 2012, em São Luís, quando disputou as eleições para vereador, obtendo 1.432 votos.
Em 2014, chegou a disputar as eleições para deputado estadual, mas ficou como primeiro suplente pelo Partido dos Trabalhadores (PT), com 16.032 votos.
No ano de 2013, assumiu a direção do Hospital Municipal Djalma Marques (Socorrão 1). Lá, ficou nacionalmente conhecido pela campanha de doação de alimentos e insumos que organizou, após ter recebido o comando daquela unidade de saúde em uma situação difícil.
Hoje, fazendo parte da base do governo, Yglésio se considera um dos deputados mais atuantes do Parlamento estadual, em termos de produção legislativa, com mais de 1.500 proposições. Na sexta-feira (25), ele recebeu a reportagem do Jornal Pequeno e, sob ameaças e xingamentos em grupos de WhatsApp, concedeu esta entrevista:
Jornal Pequeno – Por que essa polêmica toda dos jogos eletrônicos e influenciadores digitais?
Yglésio – O que ocorre é que existe, na verdade, uma ilusão que é vendida por influenciadores digitais que faturam alto com isso, sem nenhum tipo de controle, em relação a jogos eletrônicos de azar e a possibilidade de enriquecimento.
Conforme fui-me aprofundando, fui descobrindo uma linha de possível lavagem de dinheiro e associação com o crime organizado, que já entregamos ao Secretário de Segurança Pública e demais autoridades responsáveis para que possamos fortalecer as investigações. Em relação aos ataques e ameaças que sofri, eu já tomei as devidas providências e logo todos os envolvidos serão responsabilizados na Justiça.
JP – De uma maneira geral, como o senhor avaliação esta primeira etapa do seu novo mandato?
Yglésio – Nesta nova legislatura, buscamos manter sempre o nosso compromisso com a população maranhense, através de um mandato de coragem, transparente e responsável, com elevada produtividade.
Este ano, já apresentamos mais de 1.500 proposições, mantendo sempre a mais alta técnica legislativa. A população reconhece que só o nosso mandato tem coragem de expor muitas situações em defesa da população. Essa é a minha forma de fazer política.
JP – E a CPI do Futebol? Sai ou não sai?
Yglésio – Sai sim, após muita luta deste mandato. A CPI será instalada na próxima semana, depois que a Mesa Diretora assinou a resolução administrativa.
JP – Como o senhor vê a gestão de Braide na Prefeitura, de Brandão no governo e de Iracema na presidência da Alema?
Yglésio – Braide chegou na Prefeitura dizendo que estava pronto. Uma grande mentira. São Luís continua uma cidade com muitos problemas crônicos em todas as áreas: saúde, educação, infraestrutura, transporte etc.
Brandão tem um grande desafio pela frente, pois herdou de Flávio Dino um Estado pobre e com uma população humilhada. Espero que possa conseguir a transformação desejada por todos nós.
Iracema chegou na presidência da Assembleia Legislativa e vem surpreendendo todos que tinham dúvidas com relação ao seu nome, fazendo um excelente trabalho e respeitando todos os seus colegas deputados na luta por um Maranhão melhor.
JP – E agora, o que o motiva a tentar, mais uma vez, sair candidato a prefeito de São Luís?
Yglésio – As pessoas que acompanham o meu trabalho sempre pedem para eu disputar a eleição, acreditam que meu nome é uma esperança para fazer uma boa gestão. Essa motivação em atender ao pedido da população e o meu desejo de um dia administrar a cidade em que eu nasci e resido, com competência, força de vontade, responsabilidade e amor, são desejos genuínos que cultivo em mim.
JP – Como foi a experiência de disputar aquela eleição em 2020?
Yglésio – Foi uma eleição diferente, ainda numa fase crítica da pandemia e dominada por grupos políticos disputando a eleição com base em interesses individuais e forte poder financeiro.
Dado o pouco tempo que tínhamos, não conseguimos levar a mensagem para o grande eleitorado, porém, foi uma experiência marcante, já que nos debates pudemos demonstrar todo o nosso preparo. A parte inconveniente em relação aos debates foi a baixa audiência destes, já que grande parte da população não dedicou grande interesse ao processo eleitoral, decidindo apenas a votar na reta final, através do tão nocivo voto útil, que nasce da influência de pesquisas duvidosas; pesquisas essas, diga-se de passagem, que venho sempre combatendo.
JP – O senhor acredita que há possibilidade de uma escolha do candidato a prefeito de São Luís do grupo situacionista ser feita em comum acordo entre o governador Brandão e o ministro Flávio Dino?
Yglésio – Flávio Dino e Brandão são dois perfis diferentes de visão política e de gestão, embora aliados políticos. Acredito que a eleição de São Luís em 2024 pode ser um divisor no projeto de ambos. Hoje, já existe de fato cada um com o seu pré-candidato, mas a possibilidade de ficarem juntos não está descartada.
JP – O senhor avalia que deve disputar contra um candidato único do grupo governista ou haverá mais postulantes?
Yglésio – Hoje o governo praticamente não tem oposição na política. Então, candidatura única do grupo será praticamente impossível.
JP – Como o senhor encara estas especulações sobre eventual rompimento entre Flávio Dino e Brandão?
Yglésio – Eu sou aliado de Brandão, acredito que os sinais são claros com relação ao distanciamento entre os dois, porém não acredito em ruptura até 2024. Se algo pode mudar após as eleições municipais? Vai depender da condução do processo por ambos, especialmente nas maiores cidades.
Considero ainda que alguns daqueles que faziam parte dos cargos importantes no governo Flávio Dino são os que mais atrapalham, instabilizam e torcem por um eventual rompimento.
JP – Por fim, sendo do PSB, por que o senhor tem sido tão crítico em relação a Flávio Dino?
Yglésio – Eu não fui para o PSB por causa de Flávio Dino. Eu cheguei ao PSB para acompanhar o governador Brandão. Por Flávio Dino e seus asseclas eu sempre fui perseguido, desde a chegada ao partido. A minha cobrança é pela verdade dos fatos, Dino maquiou a realidade do estado por quase 8 anos e deixou uma grande desordem administrativa para o seu sucessor. Utilizou dinheiro público para promoção pessoal em nível nacional e tenho provado isso semanalmente na Assembleia.
Para mim, na dimensão política, ele é um grande embusteiro escondido atrás de uma retórica erudita. Figuras assim trazem-me à memória personagens caricatos como o saudoso Rolando Lero, da icônica “Escolinha do Professor Raimundo”. Flávio Dino não engana mais ninguém.