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Turismo em alto-mar

Fernando de Barros e Silva, Folha de S. Paulo

Sai o deputado do PMDB do Maranhão, entra o deputado do PMDB do Maranhão.

Patrícia Poeta poderia telefonar para Dilma Rousseff e, enfim, perguntar: presidente (ou presidenta), não seria este um exemplo bastante didático de tomá lá, da cá?

Dilma precisa decidir se ainda vai sustentar na prática a impressão de que promove sua “faxina” ou se vai brincar de enxugar gelo.

A mudança no Turismo é cômica. Lembra, na essência, o troca-troca entre Luiz Sérgio e Ideli Salvatti, ele das Relações Institucionais para a Pesca e vice-versa.

Em nome da decência, o governo, enfim, se livra do ministro que pagou o motel, a empregada, o motorista da mulher (e sabe-se lá o que mais) com dinheiro público. E coloca no lugar outro afilhado dos Sarneys, cuja credencial é exatamente essa: ser um agregado do clã.

Poderia ser pior? Parece que sim. Entre os cotados no bravo PMDB para assumir o cargo que coube a Gastão Vieira havia um deputado cuja empresa é acusada de desviar recursos do Dnit e outro citado na CPI da Pistolagem como suspeito de encomendar um assassinato.

São tipos assim que gravitam em torno do barco do Turismo. Este parece, de resto, um ministério cuja principal atribuição é acolher os apetites da fisiologia de varejo, como mais uma vez ficou evidente.

A verdade é que nada disso importa muito para Dilma neste momento. O assunto que ocupa os jornais e provoca justa indignação nas pessoas é periférico para o governo. Enquanto morde e assopra a tigrada, a presidente está mais preocupada com os juros, o câmbio, a inflação, a ameaça de um crescimento pífio diante do cenário internacional de crise aguda e prolongada.

Quanto mais agitada estiver a maré da economia, mais caro tende a ser o preço da passagem que os turistas da governabilidade vão cobrar para viajar com Dilma. Se for preciso, esses piratas do Estado também sabem roer o navio antes de pular para outra embarcação.

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