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‘Proximidade com miliciano’ X ‘sem moral’: Renan e Flávio continuam bate-boca da CPI da Covid

Após protagonizarem uma troca de xingamentos durante o depoimento de Fabio Wajngarten à CPI da Covid, os senadores Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) e Renan Calheiros (MDB-AL) continuaram o bate-boca após o encerramento da sessão. Em entrevistas ao GLOBO, os dois parlamentares mantiveram o tom ácido: para Renan, o governo tem “proximidade com milicianos”; já Flávio disse que o adversário “não tem moral” para dar voz de prisão a ninguém, por ter uma “ficha corrida”.

Leia abaixo as entrevistas.

Renan Calheiros

Como o senhor avalia a postura do senador Flávio Bolsonaro, que o chamou de “vagabundo” na CPI?

Estamos diante de um governo que não tem uma linha defesa. A defesa é o ataque. Então, eles não querem a investigação. Entram no STF para impedir que eu seja relator…Aquilo não me surpreendeu. O que você vai esperar de quem tem essa proximidade com milicianos? Nada vai nos deter com relação à investigação. Eles estão querendo que a CPI não dê certo, ou seja, não investigue. Isso não vai acontecer.

Como o senhor avalia o depoimento de Fabio Wajngarten?

Foi marcado pelo cinismo e pela mentira. E havia um sentimento que, diante da mentira, era um caso evidente de prisão em flagrante. Foi um desrespeito ao Parlamento e abre um precedente, porque mais depoentes podem não querer falar a verdade. Sobre a decisão do presidente da CPI (de não prender), compreendi que é uma decisão que cabe a ele. Não nos confere analisar.

Após o depoimento de Wajngarten, por que o senhor defende que ele tenha os sigilos telefônico e telemático quebrados?

É inevitável que esse sigilos sejam levantados. Há indícios de que Bolsonaro teria fechado portas para a aquisição de vacinas. Depois, começou a receber representantes e a abrir. Em que condições ele fez isso? Isso precisa ser apurado. As pessoas querem saber: houve ou não genocídio? A quebra dos sigilos também poderá colaborar para investigarmos a disseminação de informações equivocadas sobre a pandemia.

Na sessão da CPI, o senhor questionou a relação de Carlos Bolsonaro com Wajngarten. O vereador é um dos alvos da comissão?

Wajngarten negou que tivesse contato com Carlos Bolsonaro. É isso que a quebra de sigilo também vai responder. A CPI não tem pessoas como alvo. O nosso alvo é a realidade dos fatos.

Bolsonaro vai nesta quinta-feira a Alagoas, onde o senhor tem reduto eleitoral, inaugurar obras. Por que o senhor classifica como “retaliação”?

É uma retaliação, um ataque ao federalismo. Ele está indo em uma clara resposta à comissão parlamentar de inquérito. Inaugurar uma obra estadual sem a presença do governador de Alagoas. Mas ele foi o presidente da República que menos liberou recursos para o viaduto da Polícia Federal e canal do sertão.

Flávio Bolsonaro

O senhor chamou o Renan Calheiros de “vagabundo”. O senador alagoano disse que o senhor tem “proximidade com milicianos”.

Não tenho proximidade com milicianos. Sou defensor de policiais. Quero ver se Renan vai dispensar o mesmo tratamento na CPI ao seu filho (Renan Filho, governador de Alagoas), quando ele sentar para depor por possíveis desvios de dinheiro da Covid-19. Alguém com a ficha corrida de Renan Calheiros, que responde a processos no STF, não tem moral para dar voz de prisão a ninguém. Quem é cupincha do Lula não tem a menor isenção e moral para ser relator desta CPI. Renan está em desespero para blindar governadores das investigações da CPI e está preocupado com seu filho.

Renan e senadores oposicionistas argumentam que a estratégia de focar em governadores é para tirar o foco do presidente Jair Bolsonaro…

Quem está dispersando o foco e fugindo da raia é Renan. Os membros da CPI têm que ter atuação análoga à de um juiz: ser imparcial. Renan não está tendo conduta de quem quer buscar a verdade. Forçou a barra ao tentar dar voz de prisão  a uma pessoa honesta. Só o presidente da CPI poderia fazer isso. A possível prisão do Fabio Wajngarten enterraria de vez uma CPI que já está sendo apelidada de “CPI da cloroquina” e caindo em descrédito com a população.

O senhor defende que o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello preste depoimento ou fique em silêncio?

Se ele pedir a minha opinião, direi a ele para comparecer à CPI e dizer toda a verdade. Os bons resultados que seu trabalho trouxe à frente do ministério.

Em depoimento à CPI, Wajngarten negou o uso da palavra “incompetência” ao se referir ao Ministério da Saúde, mas, depois, um áudio liberado pela revista o desmentiu…

Muitas vezes, a demora em algum processo administrativo no setor público causa angústia por causa da burocracia e excesso de zelo que são necessários. Então, ele jamais criticou de incompetente a pessoa do ministro Pazuello. Acho que ele se referiu a essa burocracia, culpando a equipe do ministério, mas sem citar nomes. O depoimento não trouxe nenhuma informação nova. É o depoimento de alguém que pareceu apenas querer ajudar na aquisição de vacinas o mais rapidamente possível, sem obter vantagem pessoal. O Globo

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