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O governo quer interditar São Luís

Editorial do Jornal Pequeno – quinta-feira, 26 de julho

De volta à Idade do Carro Pipa, em virtude de um histórico esgotamento da Companhia de Águas e Saneamento do Maranhão – Caema, São Luís, em meio a uma disputa eleitoral, queima na fornalha da ingerência de um governo que se esforça por interditar a “Ilha Rebelde”, a “Ilha do Amor”, a “Cidade dos Azulejos”. A ponto de a Prefeitura estar disposta a rever a concessão da Caema ao Estado, renovada por 50 anos nos idos da administração Conceição Andrade.

Por pura vingança eleitoral, o governo está conseguindo interditar São Luís. Nossas praias foram interrompidas, são perigosas para a presença humana. Por absoluta falta de esgotamento sanitário, quem ousa visitá-las disputa espaço com altas dosagens de bactérias e coliformes fecais, dejetos humanos, dejetos de toda sorte, atirados ao mar, porque a Caema, nunca, jamais funcionou como Companhia de Águas e Saneamento. Todas as praias – são todas elas! – veraneios aonde o cidadão maranhense e o turista iam em busca do sol e dos poderes do mar, estão interditadas. Por culpa do governo do Estado, São Luís é uma cidade imprópria para banhos.

Esse ataque à qualidade de vida do cidadão é também um ataque à economia da cidade, pois os restaurantes, bares e hotéis da orla marítima serão menos freqüentados, o comércio será atingido frontalmente pela ausência de banhistas, esportistas, turistas e os trabalhadores nos finais de semana. Por culpa do governo do Estado, São Luís está se tornando uma cidade imprópria para o lazer.

Sem aeroporto, servida por tendas que lembram as mil e uma noites das Arábias, São Luís caminha para se tornar um deserto turístico, o que representa um golpe insuportável na economia de uma capital que se orgulha de guardar o maior acervo arquitetônico colonial do mundo e até ontem se orgulhava de preservar algumas das mais belas orlas do país. Por culpa do governo do Estado, a terra dos poetas é também uma cidade imprópria para vôos e navegações.

Não bastasse a eternidade das obras do Aeroporto, uma licitação crônica, aliada à inércia política governamental, impede a duplicação da BR 135. A BR seria outro caminho para que o mundo voltasse a passar aqui, para que não vivêssemos, nestes dias, tão proficiente sensação de isolamento. E registre-se que a situação dessa perigosa rodovia é a mesma de outras BRs no Estado e de estradas estaduais inviabilizadas no decorrer de uma administração que estagnou. Por culpa do governo do Estado, o Maranhão está ficando impróprio para o tráfego e o mundo encontra dificuldades para chegar a São Luís.

Compreenda-se, portanto, as dificuldades eleitorais de quem quer que fosse o candidato do governo nesta eleição de 2012. Compreenda-se a desilusão dos candidatos do governo. Não há como vencer. O governo chegou ao cúmulo de empastelar a construção de um hospital e o prolongamento da Avenida Litorânea. Não há, portanto, dúvidas de que o governo quer interditar a cidade, e seu povo, mais uma vez revoltado, assim como fez em 2008, prepara-se para interditar o governo na próxima eleição.

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