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Desfile da Beija-Flor: a São Luís do vodu retratada em segundo plano, sem João do Vale, suas belezas e patrimônio histórico

O desfile da escola de samba Beija-Flor, penúltima escola a se exibir na madrugada de hoje, deixou a desejar em alguns pontos. Atual campeã do carnaval do Rio de Janeiro, a agremiação de Nilópolis cometeu várias falhas na apresentação que homenageou, em seu enredo, a cidade de São Luís, que está completando 400 anos de fundação.

Os erros cometidos pela escola de samba foram um dos assuntos mais comentados desta segunda-feira nas redes sociais. Os internautas criticaram, principalmente, o fato de o cantor e compositor João do Vale, um dos ícones da cultura maranhense, não ter sido lembrado pela escola e o destaque exacerbado dado ao carnavalesco falecido Joãosinho Trinta, deixando em segundo plano o tema do enredo da escola – o quarto centenário de São Luís.

“Que a Beija-Flor estava bonita, é inegável, mas a comentarista [Glenda Kozlowski, Rede Globo] falou tanta besteira, estava totalmente desinformada. Chegou até a dizer que os sotaques do nosso Bumba-Meu-Boi eram os nomes das alas do Boi que estavam desfilando. A sambista Tereza Cristina também foi super pertinente no seu comentário quando falou que faltava um João super importante no desfile: o João do Vale. Com certeza. Afinal de contas, o desfile era uma homenagem a São Luís ou momento póstumo a Joãosinho Trinta?”, afirmou um internauta.

A exaltação ao tráfico negreiro e os maus-tratos de escravos, a lembrança da figura de Ana Jansen e abordagem das religiões afro-brasileiras (Candomblé, Umbanda) nas alas da Beija-Flor também motivaram comentários contrários de maranhenses que viram o desfile da escola de samba carioca. Na opinião deles, não foi dado o devido destaque ao folclore, a culinária, ao patrimônio histórico e as belezas de São Luís.

“A Beija-Flor levou para a avenida a imagem do candomblé e dos escravos. Vendeu bem a imagem do Maranhão lá fora: muita reza e macumba, as práticas religiosas dos terreiros e dos escravos trazidos à força para cá. Tinha tantos negros açoitados que mais parecia um desfile de escravos. A ala de Ana Jansen chicoteando os negros nos remete ao que os donos do poder (grupo Sarney) faz hoje ao povo maranhense. Os carros do navio negreiro dividido ao meio ficou estupendo e nos remete à condição de escravos a que estamos submetidos até hoje. Apresentação medíocre”, analisou outro internauta.

Outro ponto questionado foi a participação apagada dos 400 dançarinos maranhenses levados em voos fretados para se apresentarem na escola carioca. “Os maranhenses que desfilaram no carro com a cantora Alcione Nazaré tiveram aparição relâmpago. Não foi dado o devido destaque aos integrantes que estavam com as roupas típicas dos seus respectivos bumba-bois. O enredo foi confuso, adereços e alegorias razoáveis, pouca presença das cores da escola, carros com pouca identificação com o samba”.

“Tanta coisa a mais para mostrar. Esqueceram nossas fontes, nossos largos, azulejos, nossos nomes de ruas, as outras danças, não vi um tambor de crioula e só alguns míseros fofões. Para mim, o enredo foi vago, muito mais assombroso que maravilhado. Vão achar a partir de agora que aqui só tem assombração, vodu, macumba, fantasma, mendigo. Cadê a culinária, cadê a arte, cadê o bumba-meu-boi, cadê o patrimônio da humanidade?”, observaram.

O militante de esquerda e ex-candidato a governador Marcos Silva (PSTU) também aproveitou para fazer sua avaliação sobre o desfile da Beija-Flor:

“Com relação aos gastos do governo de Roseana, que a principio era de 9 milhões e agora já se falar em 20 milhões com o carnaval da Beija-Flor. Penso que é linda a homenagem é muito glamour, muita beleza e riqueza. Um contraste com as mais de 240 mil crianças em idade de 7 a 14 anos trabalhando para sobreviver, com as mais de 3 milhões de pessoas na dependência do Bolsa Família e o pior IDH do país. Em fim o triste é que o samba na Sapucaí não muda essa realidade. É preciso liquida a oligarquia carcomida que tem contribuído para nos manter nestas condições e fortalecer a luta por uma ordem social que evite o surgimento de novas castas dominantes”.

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