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Novos caminhos para a educação

Por Allan Kardec Duailibe Barros Filho,
PhD, Secretário Municipal de Educação de São Luís.

Estamos sob um dos mais intensos ataques do modelo conservador. Em nível planetário. Um modelo em que se sobressai o individualismo, a competição intensa, o consumismo. Um modelo autofágico, predatório. Enfim, a desconstrução das melhores conquistas da humanidade E nossa cidade não é exceção. São Luís se tornou uma das capitais mais violentas da Terra! “Evoluímos” de 27 a para 23 a neste último ano, “ganhando” de Medellin, na Colômbia. E, no entanto, ficamos calados, piedosamente calados. Escolas foram vergonhosamente atacadas no final do último ano. Escolas!

Allan-KardecVivemos a angústia do próximo ataque e a expectativa da construção da próxima barricada. Nesse modelo, ampliam-se as prisões, aumentam-se o número de guardas nas corporações, constróem-se muros e colocam-se cacos de vidro para a proteção.

Preparamo-nos para um confronto à noite e vamos de madrugada à igreja implorar para que ele não aconteça! Vivemos um mundo consumista que “tem-nos feito marchar a passo de ganso para a miséria e o morticínio”, como profetizaria Chaplin ainda em 1940.

O consumismo nos tornando máquinas.

Como e o que fazer para não sermos omissos? Afinal, como lembra o velho Luther King, “o que me assusta não é a violência de poucos, mas a omissão de muitos”.

Certamente buscaremos ampliar o efetivo policial e aumentar os muros que separam as pessoas e fomentam o deserto noturno nas calçadas. Mas creio que podemos mais.

Podemos investir na educação.

Certamente não temos os melhores índices de educação em São Luís. Caímos bastante recentemente em relação ao resto do país, e às expectativas do Ministério da Educação. No entanto, estamos em franca recuperação. Refazendo, remontando, reestruturando, respeitando. Desde o começo do ano, já estamos chegando a 100 escolas que intervimos na estrutura física. Reconhecemos direitos dos professores, que se achavam empoeirados de tão esquecidos. Organizamos o calendário escolar (para dizermos só três de nossas ações – que foram dezenas!). Mas não é bastante. Morei no Japão e lembro das histórias dos que trabalharam na reconstrução daquele país. Os velhinhos falavam dos sacrifícios, mas contavam vitórias. As senhoras lembravam suas angústias, mas falavam de conquistas. Vitórias e conquistas coletivas.

Muitos dos que participaram dos crimes saíram das nossas escolas, sejam elas privadas ou públicas. Aliás, as escolas públicas não são propriedade de ninguém. Melhor dizendo, são suas, são nossas. São espaços em que 25% dos seus impostos vão desaguar (para me utilizar dos argumentos consumistas de hoje). Entraram no crime porque pouco participamos do dia-a-dia do estudante.

Precisamos dos pais na escola. Da família. Da comunidade. Da sociedade.

Desconheço qualquer modelo pedagógico que prescinda do seu entorno. “É preciso toda a aldeia para educar uma criança”, nos dizem os educadores de Nampula, Moçambique.

Este artigo é sim um chamamento. É claro que é um convite. Inegável que seja um pedido. Enfim, a escola é o farol que ilumina o destino e onde ecoam as vozes do imponderável. É a referência de um bairro. E precisamos rediscutir o modelo pedagógico atual. Precisamos rever o mecanicismo que nos leva a formar especialistas em áreas, mas poucos conhecedores dos valores mais nobres da humanidade. Esta é, portanto, uma primeira contribuição rumo a uma ampla participação e mobilização em que possamos construir novos caminhos para São Luís.

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