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Greve de policiais

Por JM Cunha Santos

Se comparada ao que acontece em Salvador, a greve dos policiais militares e bombeiros que no Maranhão ocuparam a Assembléia Legislativa, foi comportada. O Movimento, que ameaça se espalhar por mais 12 estados, tem fundamentos lógicos e incontestáveis: a polícia brasileira é mal paga, mal equipada e ainda hoje obedece a um sistema hierárquico que remonta às monarquias, se não ao poder divino dos Faraós. São obrigados a cumprir uma carga horária para a qual não se encontra expressão outra que não seja exploração.

Tal nível de adesão mostra que, no final, os policiais maranhenses tinham razão. A polícia do país e não apenas a do Maranhão está descontente e a prisão de seus líderes, os urutus nas ruas, o exército de prontidão, não vão mudar esse fato. Temos uma polícia que quer ser ouvida, que precisa ser ouvida e desnorteada por falta de uma legislação.

Greve de gente armada é um risco que ninguém quer correr e a violência não é resposta para nenhum tipo de reivindicação nos regimes democráticos. Mas os draconianos códigos que ainda regem os PMs e bombeiros no Brasil, entulhos autoritários de uma ditadura que, felizmente, acabou, não passam de atos de violência contra os guardiães da ordem e da lei, gente que merece melhor tratamento por parte do Estado.

Esses homens enfrentam bandidos, enfrentam milícias, enfrentam o narcotráfico, mas são a única categoria ainda sujeita a uma legislação de horror que calou a juventude, enquadrou o movimento estudantil, dizimou os sindicatos, acabou com os partidos políticos, cerceou as ações pastorais nas igrejas e criou no Brasil uma legião de “órfãos do talvez e do quem sabe e viúvas do quem sabe e do talvez”.

Mas o dinheiro da corrupção no Brasil daria para triplicar a força policial pagando os justos salários que reivindicam, pondo fim a essa carga horária de trabalho estafante e trazendo mais paz e segurança à população.

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