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Governo Roseana segue sem cumprir promessa de reabrir restaurantes populares

Refeições de boa qualidade a R$ 1 só foram oferecidas à população carente no ano eleitoral de 2010 e em metade de 2011; Sedes diz que licitação contestada na Justiça atrasa reabertura

Por Jully Camilo E Oswaldo Viviani (JP)

Passados mais de oito meses do fechamento dos restaurantes populares que funcionaram na Areinha e na Cidade Operária, o governo Roseana Sarney (PMDB) ainda não os reabriu, conforme prometeu.

Inaugurados em dezembro de 2009, os restaurantes funcionaram a pleno vapor no ano eleitoral de 2010 – quando Roseana legitimou, nas urnas, seu mandato, assumido por via judicial em abril de 2009, após a cassação de Jackson Lago (PDT).

Em 15 de junho de 2011, os restaurantes – que serviam refeições de boa qualidade ao preço simbólico de R$ 1 – fecharam as portas.

A Secretaria de Estado do Desenvolvimento Social (Sedes), gestora do projeto, informou na época que o fechamento deveu-se ao término do contrato com a empresa que então fornecia as refeições – a Serv Food.

No total, duas mil pessoas, em média, se alimentavam diariamente nos restaurantes populares da Areinha e da Cidade Operária.

Hoje, o local em que estava instalado o restaurante da Areinha (Avenida Vitorino Freire) abriga uma grande oficina de veículos (Auto Express).

Uma igreja evangélica (Mundial do Poder de Deus) ocupa o lugar em que estava instalado o restaurante da Cidade Operária, na Avenida Principal.

Licitação na Justiça – A Sedes informou ao Jornal Pequeno, por meio de nota, que a licitação para a reabertura dos restaurantes populares está suspensa em decorrência de uma ordem judicial.

Um dos participantes obteve na Justiça uma liminar embargando a continuidade do processo licitatório.

Na nota, a Sedes afirmou, ainda, que espera por uma “solução rápida” para a questão, a fim de que os restaurantes retomem logo suas atividades, “beneficiando a população carente de São Luís”.

A Secretaria não revelou o nome dos participantes da licitação nem da empresa que contestou o certame judicialmente.

Obstáculos financeiros – Também envolvido com o problema, o Conselho Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional do Maranhão (Consea-MA) informou que, além de percalços no processo licitatório, também houve obstáculos financeiros.

Eurico Fernandes da Silva, presidente do Consea, disse ao JP que a Sedes relatou, num primeiro momento, que a gestão anterior não teria previsto recurso orçamentário para manter os restaurantes, e, por isso, a sequência do projeto estaria inviabilizada.

“Porém, depois disso, a Secretaria teria conseguido uma verba de R$ 3,3 milhões para manter os restaurantes, que desta vez seriam implantados nos bairros do Anjo da Guarda e da Cidade Olímpica. No entanto, tudo parou quando o processo licitatório foi suspenso por conta da liminar impetrada por uma das empresas participantes, cujo nome não nos foi repassado”, disse Eurico Fernandes.

Para antigos frequentadores, restaurantes fazem falta

Segundo o mecânico Manoel do Nascimento Viana, de 55 anos, o fechamento dos restaurantes populares prejudicou trabalhadores urbanos e moradores das comunidades mais carentes.

Manoel disse que trabalha na Areinha há mais de 40 anos e que se alimentava diariamente no restaurante popular do bairro.

“A comida era boa, de ótima qualidade, e o melhor de tudo: quase de graça. Infelizmente, o governo estadual decidiu acabar com tudo e provavelmente só vai reabrir os restaurantes no período eleitoral. O restaurante daqui servia até 1.200 refeições por dia, e todo mundo podia pagar. Agora, ou trazemos a comida de casa, ou pagamos R$ 7 pela ‘quentinha’”, disse o trabalhador.

O vendedor informal José Ribamar Souza, 40, morador do Parque dos Nobres, que monta sua banca todos os dias nas proximidades do Banco do Brasil da Areinha, afirmou que traz sua comida de casa, uma vez que fica inviável comprar ‘quentinha’ nos restaurantes da área, por conta do alto custo.

“O restaurante popular era um grande aliado na hora de ‘matar’ a fome, e por várias vezes minha família também veio comer aqui”, contou José Ribamar.

A vendedora Mayara Pereira, 23, que trabalha na Cidade Operária, contou que a ideia de criar um local onde as pessoas pudessem ter acesso a uma boa alimentação por um preço simbólico foi de grande valia para os trabalhadores mais humildes.

Para ela, acabar com o projeto sem que fosse dada nenhuma satisfação à população foi uma atitude “terrível e desumana do governo do estado”.

“A loja em que eu trabalho ficava situada ao lado do restaurante, era só um ‘pulo’ e eu estava lá. Era barato e a comida era muito boa. Hoje, só almoço quando consigo trazer de casa ou quando tenho tempo de ir à minha residência e fazer a comida. Na maioria das vezes, faço apenas um lanche. Não posso me dar ao luxo de gastar R$ 7 todo dia num ‘bandeco’, pois não tenho condições para isso”, disse Mayara.

Segundo o flanelinha Roniere Lima, 37, a qualidade do restaurante popular da Cidade Operária atraía até pessoas que, em princípio, não teriam necessidade de comer ali. “Tinha muita gente de condição que comia no restaurante popular, até donos de lojas do bairro”. (JC e OV)

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