Antes de desistir de eleição, Sarney avaliou chances por um mês
Painel, Folha de São Paulo
Porta dos fundos Antes de desistir da candidatura à reeleição, o senador José Sarney (PMDB-AP) dedicou um mês inteiro a avaliar as chances eleitorais de seu clã. As pesquisas indicaram que ele corria o risco de sofrer quatro derrotas simultâneas, nas eleições para governo e Senado no Maranhão e no Amapá. Acostumado a fazer campanha próximo à máquina pública, Sarney tentaria renovar o próprio mandato em uma situação incomum: é adversário do governador e do prefeito da capital, Macapá.
Vai indo… Apesar de todas as mesuras que Lula e Dilma devem fazer a Sarney, os petistas vinham abandonando o senador em seus dois redutos eleitorais. No Maranhão, recusaram-se indicar o vice do candidato do PMDB ao governo, Lobão Filho.
… que eu não vou No Amapá, o PT decidiu lançar a vice-governadora Dora Nascimento para enfrentar Sarney na corrida ao Senado.
Todos contra um O esforço para derrotar Sarney uniu esquerda e direita no Amapá. Randolfe Rodrigues, do PSOL, estimulou a candidatura ao Senado de Davi Acolumbre, do DEM. “Era uma frente ampla contra o coronelismo”, diz o senador.
Agora é sério O vice-presidente Michel Temer (PMDB) telefonou para perguntar a Sarney se a decisão era para valer. Ouviu que a desistência de concorrer a mais um mandato é “definitiva”.
Madeleine Nostálgico, o ex-presidente vinha demonstrando a aliados um certo desalento com a política. Dizia que a atividade “decaiu muito” e que sentia falta de grandes figuras do passado.
TIROTEIO
“Não foi escolha, e sim imposição diante de um quadro adverso. Uma aposentadoria compulsória por falta de apoio popular.”
DO EX-DEPUTADO FLÁVIO DINO (PC DO B-MA), sobre o anúncio de que o senador José Sarney (PMDB-AP) desistiu de disputar a reeleição em outubro.
CONTRAPONTO
Marimbondos de fogo
Em 59 anos de vida pública, José Sarney (PMDB-AP) enfrentou poucos adversários tão implacáveis quanto Millôr Fernandes (1923-2012). Ferino no traço e no texto, o jornalista adorava atacar os romances do senador, que se envaidece mais da obra literária do que da política.
—É um desses livros que, quando você larga, não consegue mais pegar —disparou, sobre “Brejal dos Guajas”.
Quando Sarney assumiu a Presidência no lugar de Tancredo Neves, que adoeceu antes da posse, Millôr publicou um inesquecível cartum no “Jornal do Brasil”. Sua legenda trazia apenas duas palavras: “Fomos bigodeados”.
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