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A hora de voltar para casa

Todo rebelde, qualquer rebelde precisa saber reconhecer a hora de voltar para casa. É quando sua revolta começa a ameaçar aqueles que queria proteger ou atingir pessoas que nenhuma culpa têm dos acontecimentos que os motivaram. Não é diferente com a juventude que se manifesta nas ruas do Brasil, agora cercada por extremistas políticos de um lado e arruaceiros e bandidos de outro.

A hora de voltar para casa é quando o ânimo das multidões tende para a violência e os objetivos começam a se diluir no meio de intenções perversas e rasteiras; é quando o grito do rebelde chegou aos ouvidos que ele queria e ele conseguiu acuar o poder que o humilhou. A hora de voltar para casa é quando a rebeldia começa a perder o apoio dos conscientes e só a inconsciência coletiva dita as normas nas ruas; é quando o som que se ouve não é mais de indignação, mas de vidraças e ossos quebrados, de sangue escorrendo.

Voltar para casa deixando todos cientes de que poderá sair de novo, a qualquer momento, com as energias renovadas para combater mais uma vez a degradação dos serviços públicos, a crueldade do Estado e a maldita corrupção. A hora de voltar para casa é quando o rebelde sente que não há mais para onde evoluir, a não ser para a convulsão social que só interessa aos bandidos e ao próprio poder.

A corrupção vai se tornar crime hediondo neste país e vocês conseguiram isso. A saúde e a educação, seja lá como for, vão se tornar, de fato, prioridades da administração pública. E vocês conseguiram isso também. E são conquistas seculares.

A hora de voltar para casa é a hora de isolar os aproveitadores, os baderneiros, as facções políticas criminosas, a polícia violenta; é quando se percebe que as pessoas já querem voltar à rotina de suas vidas, trabalhar, estudar, ganhar o sustento dos filhos; é enquanto ainda se tem toda a sociedade ao nosso lado. E sabendo agora todos nós que poderemos contar com vocês sempre, todas as vezes em que for preciso transformar esse país.

(JM Cunha Santos)

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