E a nova licitação do transporte público?

Foto: Reprodução / Assessoria
O prefeito Eduardo Braide (PSD) precisou de cinco anos, cinco greves de rodoviários e algumas dezenas de milhões de reais injetados nas empresas que controlam o setor para se convencer de que alguma coisa tinha que ser feita no desventurado sistema de transporte público da capital.
Em 17 de fevereiro, dia em que a cidade mais uma vez amanheceu sem ônibus nas ruas por causa de uma greve de motoristas, o prefeito foi às redes sociais para informar que encaminharia à Câmara Municipal – naquele mesmo dia – um projeto de lei autorizando uma nova licitação do transporte público. “Vamos fazer com que São Luís nunca mais seja refém dos empresários de ônibus”, garantiu um sisudo Eduardo Braide em vídeo publicado no Instagram.
Os vereadores, que não são bobos, fizeram o dever de casa com agilidade e, já no dia seguinte, o prefeito voltou às redes para comunicar que a lei que autorizava a nova licitação já estava sancionada.
Entre os dias 17 e 20 de fevereiro, período que durou a paralisação do sistema de transporte público da capital, Braide não falou de outra coisa. Foram seis vídeos publicados em sequência sobre o assunto. Em um deles, gravado na Procuradoria-Geral de Justiça, o prefeito comunicou que o Ministério Público acompanharia (e fiscalizaria) todo o processo da nova licitação – deixando claro, se ainda havia alguma dúvida, que não estava para brincadeira.
Essa foi a última vez que Eduardo Braide, ainda no modo contenção de crise, tocou no assunto. Dois meses depois de sancionar a lei que autoriza a nova licitação do transporte, o prefeito tem evitado o tema.
Duas fontes do Ministério Público revelaram à coluna, sob reserva, que a prefeitura de São Luís ainda não compartilhou nenhuma informação sobre o andamento da nova licitação, o que tem travado qualquer possibilidade de atuação do MP. “Ele [o prefeito] mencionou essa possibilidade [de o MP fiscalizar a nova licitação] na época da greve dos rodoviários. Depois, não houve mais nenhuma menção”, disse uma das fontes. O que leva a crer que, se não está totalmente parada, a fase preparatória da nova licitação tem sido tocada em marcha lenta.
Enquanto isso, o secretário Maurício Itapary, que em março assumiu a SMTT (Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes) para conduzir a nova licitação, ainda nem chegou a desocupar o seu antigo gabinete na Secult (Secretaria Municipal de Cultura), de onde continua despachando e cumprindo agendas como chefe da pasta – de olho no São João que se avizinha.
Procurada, a assessoria da prefeitura de São Luís não respondeu por que ainda não repassou nenhuma informação sobre a nova licitação ao Ministério Público, apesar do que disse o prefeito Eduardo Braide em fevereiro. A prefeitura também não respondeu se o processo da nova licitação está parado e por qual motivo Maurício Itapary segue acumulando a Secretaria de Cultura.
(Texto publicado originalmente na edição impressa do Jornal Pequeno).
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