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Revista traz perfil de marqueteiro de Temer e Roseana


Reportagem de capa da revista Época deu destaque a Elsinho Mouco, marqueteiro do presidente Michel Temer (MDB) e da ex-governadora Roseana Sarney (MDB).

Mouco é o homem por trás da frase “não renunciarei”, dita pelo presidente após o jornal O Globo divulgar áudio de conversa comprometedora entre Temer e o empresário Joesley Batista.

Elsinho Mouco é também grande amigo de outro maranhense, o suplente de senador Edinho Lobão (MDB).

Foi construída uma “bandeira branca” entre Mouco e José Sarney. O marqueteiro chegou a romper com o oligarca maranhense e escrever um livro batizado “Tributo a Sarney”, recheado com histórias contra o cacique do MDB.

Em uma conversa com Sarney, ficou acertado que a obra não seria divulgada. Em troca, Elsinho retomou a conta publicitária do partido e assumiu a campanha de Roseana em 2010.

O que diz a revista.

O marqueteiro

Na manhã do feriado do Dia do Trabalhador, o presidente Michel Temer acordou com uma ideia. Resolveu visitar, vislumbrando ver reconhecido seu gesto de solidariedade, o local onde os bombeiros esfriavam os escombros do edifício que desabara horas antes no centro de São Paulo. Bastou Temer tocar os pés na calçada ainda morna para que a maioria dos recém-desabrigados começasse a berrar e entoar palavras de ordem em uníssono. As mais simpáticas eram “Fora, Temer” e “Golpista”. Em poucos minutos, a comitiva presidencial foi escoltada por seguranças até o carro oficial — atingido por chutes e pancadas. Felizmente, a perua Edge preta era blindada.

Assustado e parecendo sinceramente surpreso com a reação do povo, Temer ligou para um de seus principais conselheiros. “Cometi um erro”, reconheceu o presidente, verbalizando o óbvio. Do outro lado da linha, o marqueteiro Elson Mouco Junior, o Elsinho, tentou tranquilizá-lo com platitudes: “O senhor foi ao território do Guilherme Boulos (líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), qualquer político seria hostilizado. Mas poderia ter conversado com o governador para ter articulado uma saída mais tranquila”, disse delicadamente. Temer assentiu. Ninguém mencionou a verdade incômoda: a de que o presidente da República, cujo governo é aprovado por apenas 5% da população, não tem a mínima condição política de se aventurar fora dos palácios de Brasília.

Elsinho Mouco não é um marqueteiro de primeira linha. Não tem grandes campanhas no currículo. Nenhum candidato venceu uma eleição graças a sua inventividade publicitária ou engenhosidade política. Não tem a conta bancária de feras do marketing eleitoral. Tampouco é reverenciado entre os pares do ramo. Suas ideias, não se pode negar, são originais. Também são polêmicas, parecem apressadas, algumas soam engraçadas, e outras, inconsequentes.

Elsinho não vende criatividade nem entrega vitórias. Ele oferece algo tão poderoso quanto: vende trabalho e entrega lealdade. Comporta-se como um lobista, que aprendeu a decifrar a alma dos políticos. Age como alguém que precisa conquistar a confiança do cliente, cortejando-o com simpatia incomum, disponibilidade irrestrita e fidelidade inquebrantável.

Há 15 anos serve Michel Temer em campanhas eleitorais. O presidente, um político que preza imensamente a lealdade e os salamaleques do poder, encontrou seu conselheiro perfeito. A proximidade de ambos não é meramente profissional. Apesar de não possuir cargo formal no governo, Elsinho é o único marqueteiro da história do Brasil que tem gabinete no Palácio do Planalto. Fica no 4º andar, próximo das salas dos ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (que ocupava a Secretaria-Geral da Presidência até outro dia). Ele é contratado indiretamente para cuidar da comunicação do governo por meio da empresa Isobar, que trata das redes sociais da Presidência — o que justificaria a sala com secretária. O espaço foi uma exigência contratual do próprio Temer, conforme disse em entrevista por e-mail a ÉPOCA.

Elsinho compõe o trio que aconselha Temer em assuntos ligados a sua imagem e a sua comunicação. Os demais são o secretário de Comunicação Social, Márcio Freitas, e o onipresente Moreira Franco, hoje ministro de Minas e Energia. Aconselha, mas não significa que seja obedecido — como se viu no episódio da visita ao prédio que desabou em São Paulo. Temer costuma seguir seus instintos e princípios. Decide, de fato e com frequência, sozinho. Ainda assim, Elsinho tem os ouvidos do presidente. As ideias e as campanhas que saem do Planalto passam por ele.

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