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Peemedebistas estão indignados com Sarney e Lobão

Com reunião esvaziada – apenas 13 dos 21 senadores presentes – o líder do PMDB, Renan Calheiros (AL), marcou para quarta-feira às 14 horas a disputa, no voto, entre os senadores Edison Lobão (PMDB-AM) e Raimundo Lira (PMDB-PB) para a presidência da mais importante comissão da Casa em tempos de Lava-Jato: a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), que irá sabatinar Alexandre de Moraes, indicado para ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), e que tem poder de fogo para travar um confronto com o Judiciário, como fez o ex-presidente do Senado. Tanto Lira como Lobão bateram pé e não desistiram da candidatura.

Antes da votação, Renan terá um encontro com o presidente Michel Temer, que deverá ajudar a arbitrar uma solução caso Lira decida levar a disputa para a comissão, onde a maioria pode rejeitar o nome de Lobão, investigado pela Lava-jato. Pode favorecer Raimundo Lira na votação, a irritação de uma expressiva parcela do partido com o fato de que, articulando nos bastidores, o ex-senador José Sarney poderá levar para o Maranhão dois cargos de peso: a segunda vice presidência da Mesa, já garantida para seu braço direito, João Alberto, e a presidência da CCJ com Lobão.

– Há uma reação à sensação de que Renan, Sarney e Romero Jucá querem montar um blocão, um grupo forte, para se contrapor a isso tudo que está acontecendo. Querem ter o poder de segurar. E o Raimundo Lira não tem a mesma esperteza que tem o Lobão para articular essa reação na CCJ. O Eunício apoia o Lira mas está apartado desse grupo – avaliou um dos senadores peemedebistas após a reunião.

– O Lobão vai levar essa parada, e o Maranhão vai levar tudo. Tem muita gente no partido indignada. O Lobão é tão audacioso quanto o Renan. E é isso que querem – disse um dos senadores ao sair da reunião.

Durante a reunião, com quórum baixo e diante da possibilidade de ser derrotado pela maioria presente pró-Lobão, Raimundo Lira pediu o adiamento para que o quórum seja mais representativo. Perguntado se aceitaria ser atropelado, Lira, indignado, disse que não.

– Não vou aceitar (ser atropelado). Não sei ainda o que vou fazer – avisou Raimundo Lira, que tem o apoio do presidente da Casa, Eunício de Oliveira(CE).

A senadora Marta Suplicy (PMDB-SP) se retirou da disputa com a promessa de Renan que ficará com a Comissão de Assuntos Sociais (CAS), que no acordo pela eleição de Eunício ficaria com o PT. Na reunião, Renan disse que não gostaria que, escolhido na bancada, o derrotado levasse a disputa para a Comissão, onde a escolha seria ampliada para os demais partidos e dificilmente Lobão levaria.

– Eu não tenho grupos. O líder é o produto do pensamento da bancada. Eu não concordaria que a disputa vá para a comissão. Seria a falência do meu papel como líder – avisou Renan ao sair da reunião.

Durante o apelo de Renan durante a reunião, Lira não prometeu que não levará a disputa no plenário da CCJ. Ficou calado.

– Esse desgosto não vou dar para o meu partido – disse Lobão, que não arrancou a mesma promessa de Raimundo Lira.

Na dura discussão, Raimundo Lira externou o descontentamento de parte da bancada com o grande peso do Maranhão na distribuição dos cargos.

– O Maranhão já tem a segunda vice-presidência do Senado, o senador Lobão já foi ministro. O Maranhão não pode ficar com os dois cargos. O partido todo precisa ser contemplado – argumentou Lira.

Lobão não se fez de rogado:

– Isso não é demérito. O fato de eu já ter sido ministro só me qualifica ainda mais para ser o presidente da CCJ.

No final da reunião, Lira pediu um encontro reservado com Renan e Jucá para expor sua certeza de que o grupo estava articulando a ida de Lobão para a CCJ, o que geraria uma reação da Casa.

Depois de confirmar o adiamento da decisão para a tarde de amanhã, Renan disse que pela manhã irá se reunir com Temer, mas negou que seja para buscar solução para a renitência de Raimundo Lira, ou mesmo uma compensação para caso desista da disputa. Disse que irá discutir uma agenda de micro-reforma econômica. Disse também que procurará líderes dos demais partidos para pedir que indiquem os membros das comissões até as 15 horas, para que a CCJ possa ser instalada em seguida e começar a contar os prazos para a sabatina de Alexandre Moraes dentro de três semanas. (O Globo)

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