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O tapetão e o ‘fantasma’ do caso de Jackson Lago

Anelise Nogueira Reginato, juíza eleitoral de Coroatá, no Maranhão, determinou a inelegibilidade por oito anos do governador Flávio Dino por suposto abuso de poder econômico nas eleições municipais de 2016.

A ação, movida há dois anos e aceita por Reginato às vésperas das eleições, partiu da coligação “Coroatá com a força de todos”, liderada por Teresa Murad, mulher do ex-secretário de saúde de Roseana Sarney, Ricardo Murad. Dino foi acusado pela coligação de usar o programa de asfaltamento de ruas do governo para beneficiar Luís de Amovelar, do PT, candidato a prefeito de Coroatá em 2016.

A magistrada cita um áudio no qual o secretário de Comunicação Social e Assuntos Políticos do Maranhão, Márcio Jerry, teria prometido a entrega do asfasto “com as eleições (…) dia 2 de outubro”.

Em seu twitter, Dino afirmou que ele o vice-governador Carlos Brandão Junior não estão inelegíveis para estas eleições. “O resto é a velha prática do grupo Sarney/Murad. Estão com síndrome de abstinência de privilégios. Aí ficam inventando coisas sem sentido.”

Como a decisão é em primeira instância, Dino não será impedido de concorrer. Segundo interlocutores do governador, o principal risco, caso ele se reeleja, é a partir de 2019, quando a ação deve chegar ao Tribunal Regional Eleitoral. Uma decisão desfavorável a Dino poderia levar a uma cassação de seu mandato, que teria de ser confirmada no Tribunal Superior Eleitoral.

O caso preocupa ao se lembrar a campanha judicial contra Jackson Lago, governador do Maranhão eleito em 2006, falecido em 2011. Ele foi acusado de abuso de poder econômico e de compra de votos por Roseana Sarney, que ficou em segundo lugar no pleito. Em 2009, o TSE julgou a ação movida pela filha de José Sarney e decidiu, em votação apertada, anular os votos de Lago e de seu vice por abuso de poder num golpe judicial perpetrado contra um governador eleito legitimamente. À época, o tribunal ordenou a diplomação de Roseana.

Em 2010, Jackson Lago disputou novamente ao governo do Maranhão e o grupo Sarney tentou novamente boicotá-lo alegando que a candidatura pedetista estava sub judice e que seus votos não seriam válidos. Os veículos de comunicação sarneisistas e aliados trataram de disseminar no interior do estado que Jackson não era candidato e que seus votos seriam anulados. Fizeram isso durante toda a campanha. Apenas a poucos dias das eleições, por força e influência da oligarquia, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) liberou o registro de candidatura de Lago. O Ministério Público do estado questionava a candidatura de Lago por ele ter sido cassado em abril de 2009.

A equipe do governo estadual confia que o clima no judiciário local e nacional mudou desde então. Eles se apegam a uma decisão favorável a Luciano Leitoa (PSB), prefeito de Timon e aliado de Dino. Leitoa sofreu ação semelhante como a de Dino: foi acusado de abuso de poder político pelo uso eleitoral do programa Mais Asfalto. De acordo com interlocutores do governador maranhense, a acusação contra Leitoa não prosperou no TRE.

Apesar de analisar que há uma jurisprudência favorável, quadros próximos a Dino preocupam-se com o “fantasma” do caso de Lago, até pelo ambiente desfavorável no judiciário nacional em relação ao caso de Lula. Ex-juiz federal, Dino confia que a condenação será revertida na Justiça, mas a conjuntura política inspira cuidados.

(Com informações da Carta Capital)

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