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Mesmo com filiação de Bolsonaro, Flávio Dino diz que aliança com o PEN deve ser feita

Flávio Dino diz que sua chapa “não pode ir apenas à esquerda”: “Aqui é a eleição entre os Sarney e os não Sarney”

À frente do único Estado comandado pelo PCdoB, o governador do Maranhão, Flávio Dino, articula uma ampla aliança com 12 partidos, entre eles o DEM, PSDB e PEN, para disputar a reeleição em 2018 e tentar vencer mais uma vez o grupo político do ex-presidente José Sarney (PMDB). Com o acordo, Dino poderá abrir palanque até mesmo para a candidatura presidencial do deputado Jair Bolsonaro (RJ) no Estado, caso o parlamentar se filie ao PEN.

O governador tem boa relação com o DEM do Maranhão e tem ajudado a fortalecer o partido no Estado. Entre as ações recentes está a negociação para filiar à legenda o ex-governador e deputado federal José Reinaldo Tavares (PSB), seu ex-secretário de Minas e Energia. José Reinaldo foi ministro no governo Sarney e um dos principais aliados do ex-presidente, mas rompeu com o grupo sarneysista e aproximou-se de Dino.

A proximidade do governador com o PSDB vem desde a eleição de 2014, quando os tucanos indicaram a vice na chapa de Dino, e manteve-se na atual gestão. Em 2018, o PSDB terá a “primazia” para indicar o vice na chapa, segundo o secretário estadual de comunicação e articulação política, Márcio Jerry. A vaga é cobiçada pelo PT, que se não puder compor a chapa ao governo reivindica o apoio do governador a um nome petista ao Senado.

O PT, no entanto, não está nos planos do governador para o Senado. O grupo de Dino deve escolher dois nomes entre três opções: José Reinaldo, Waldir Maranhão (PP), Eliziane Gama (PPS) e Weverton Rocha (PDT), todos deputados federais.

Dino afirma que as conversas com o PEN começaram antes de o partido ter anunciado a possível filiação de Bolsonaro. A aliança deve ser feita mesmo se a candidatura do deputado à Presidência for confirmada.

Ao justificar os acordos ecléticos, Dino diz que sua chapa “não pode ir apenas à esquerda”. “Aqui é a eleição entre os Sarney e os não Sarney”, afirma, ao Valor. “Não se consegue enquadrar os jogos políticos estaduais na dinâmica nacional”. Prevalecem as relações locais”. Márcio Jerry diz que a aliança é “uma coalizão plural e republicana”. A um ano da eleição de 2018, a chapa de Dino já conta com 12 partidos, 3 a mais do que em 2014.

A candidatura à reeleição de Dino começou a ser pavimentada nas eleições municipais de 2016. O estilo de construção da base política adotado pelo governador é apontado por sarneysistas como semelhante ao do próprio grupo Sarney no Maranhão.

No comando do governo estadual, o PCdoB atraiu parte dos aliados dos Sarney e passou de 5 prefeitos eleitos em 2012 para 46 no ano passado. A sigla elegeu o maior número de prefeituras do Estado e tem a maior fatia do eleitorado sob seu comando. Com aceno de recursos e parcerias, Dino e seus aliados ganharam em 70% das cidades, inclusive na capital. O PCdoB tem a vice do prefeito reeleito de São Luís, Edivaldo Holanda Jr (PDT).

Já o PMDB do ex-presidente José Sarney teve o número de prefeitos reduzido dos 48 eleitos em 2012, na administração Roseana Sarney, para 22. O PV, do ministro e pré-candidato ao Senado Sarney Filho, tinha 20 prefeituras no começo de 2015, mas perdeu 12 e em 2016 elegeu 7 prefeitos. Apesar do enfraquecimento, os sarneysistas venceram em grandes como Imperatriz, a segunda maior do Estado, e Caxias.

Dino avançou em 2016 na base tradicional do sarneysismo: pequenos municípios, com baixo índice de desenvolvimento humano e dependentes da ajuda do Estado. E cada vez mais o governador do PCdoB repete programas e ações que marcaram gestões sarneysistas.

As duas principais apostas do governo no interior são a expansão do asfaltamento e a distribuição de material de construção para famílias carentes. Em São Luís, outdoors divulgam o programa do Estado de recapeamento de 151 cidades, incluindo a capital. A gestão tem distribuído também ambulâncias e máquinas niveladoras para estradas vicinais.

O governador refuta a comparação e diz que os programas não seguem uma lógica eleitoral. “No caso do material de construção, os beneficiários são escolhidos por critérios técnicos, não políticos. É diferente dos Sarney. E ajudar os municípios a pavimentar ruas é uma forma de ter a presença do Estado nas cidades, de aproximar o governo das pessoas”. (Do Valor Econômico)

 

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