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Empresa amiga do clã Sarney vai tocar as obras do Italuís

POR OSWALDO VIVIANI (JP)

Em nota intitulada “À boca pequena”, publicada no Informe JP do último dia 17, o Jornal Pequeno “previu” que a empresa Edeconsil Construções e Locações Ltda lideraria o consórcio escolhido para realizar as obras de substituição das tubulações do Sistema Italuís do trecho localizado no Campo de Perizes. A escolha foi resultado de uma concorrência pública do tipo “melhor preço” e os envelopes com as propostas foram abertos na terça-feira (24), na sede da Comissão Central Permanente de Licitação (CCL), no bairro do Calhau, em São Luís.

A fonte que repassou ao JP as informações que originaram a nota afirmou que a licitação seria “certamente dirigida” para que fosse escolhido o consórcio tendo à frente a Edeconsil.

Fernando Cavalcante, diretor da Edeconsil

“Numa concorrência desse tipo, de menor preço, abre-se a possibilidade de a empresa que o governo quer ver escolhida receber informações privilegiadas sobre os preços propostos pelos outros concorrentes, e então a empresa beneficiada apresenta um valor menor”, disse a fonte.

As empresas PB Construções e EIT também integram o consórcio vencedor, que propôs o valor de cerca de R$ 107 milhões para realizar o serviço no Sistema Italuís.

Os consórcios derrotados no processo licitatório foram o Serveng/Passarelli (apresentou proposta no valor aproximado de R$ 114 milhões); o Emsa/Etesco (proposta de cerca de 117 milhões) e o Servix / M.Martins/GM 5 (proposta de R$ 121 milhões, aproximadamente).

A proposta do grupo liderado pela Edeconsil vai passar por um processo de análise, e ainda cabem recursos dos outros consórcios que participaram da concorrência. Essa etapa deve durar aproximadamente 30 dias, mas dificilmente a Edeconsil deixará de ser agraciada com mais esse contrato.

Empresa amiga do clã – A Edeconsil Construções e Locações pertence ao empresário Fernando Cavalcante, conhecido como “Fernandão”, amigo do presidente do Senado, José Sarney, do empresário Fernando Sarney (filho do senador) e do secretário estadual de Saúde Ricardo Murad.

Nas eleições de 2010, a empreiteira foi uma das doadoras da campanha de Roseana Sarney ao governo do Maranhão, destinando um total de R$ 620 mil à então candidata. No ano anterior (2009), nos pouco mais de 8 meses da gestão roseanista, a empresa faturou, em contratos com o governo do estado, em torno de R$ 25 milhões.

Em todos os projetos considerados “filés” do governo Roseana, a Edeconsil tem sua fatia. Por exemplo, foi vencedora da concorrência para tocar um dos três lotes da obra da Via Expressa, que interligará as avenidas Colares Moreira e Daniel de La Touche.

A empresa de “Fernandão” também tem levado boa parte dos serviços de pavimentação e recuperação de rodovias, assim como executa a maioria de obras relacionadas com a Caema.

Investigada na ‘Boi Barrica’ – Já a EIT Empresa Industrial Técnica – outra integrante do consórcio escolhido – é notoriamente ligada ao grupo Sarney desde meados da década de 90, quando protagonizou o famigerado escândalo da “estrada fantasma” Paulo Ramos-Arame (MA-008), no governo Roseana Sarney.

Roseana – que sempre teve a EIT como generosa doadora de suas campanhas políticas – pagou à construtora, entre 1995 e 1996, R$ 33 milhões por uma estrada de 128 quilômetros de extensão que nunca foi efetivamente construída, interligando os dois municípios mencionados. O que existe no local até hoje é apenas uma intrafegável picada de terra batida. A Planor Construções e Comércio Ltda foi sócia da EIT na empreitada e com ela dividiu o “butim” da “estrada fantasma”.

Em 2008, a EIT – cujo dono é Romildo Teles Pinto da Frota – voltou ao noticiário ao ser flagrada pelo Tribunal de Contas da União (TCU) praticando irregularidades múltiplas nas obras da ferrovia Norte-Sul, articulada com o “esquema Fernando Sarney-Ulisses Assad” na estatal Valec Engenharia, Construções e Ferrovias S.A. O sangramento de verbas públicas destinadas à ferrovia consta também do inquérito da Polícia Federal resultante da operação “Boi Barrica”.

Outro lado – Por telefone, o presidente da Comissão Central Permanente de Licitação do governo estadual, Francisco de Salles Baptista Ferreira, disse ao JP que “absolutamente não tem como vazar os conteúdos das propostas, a não ser que um concorrente conte para o outro”.

Ferreira acrescentou que a quebra de sigilo não é possível, pois os envelopes com as propostas são abertos diante dos concorrentes, de forma transparente, e qualquer pessoa pode participar desse ato.

(Com informações do blog do John Cutrim)

Não deu outra: Edeconsil na cabeça

Leiam a nota “À boca pequena”, publicada no Informe JP, na edição do dia 17 deste mês:

“Dizem em São Luís, à boca pequena, que a decretação de emergência no sistema de abastecimento de água em São Luís vai facilitar uma licitação dirigida para as obras de substituição das tubulações do Sistema Italuís, que custarão R$ 130 milhões.

A Edeconsil – presente em nove entre 10 dos chamados projetos ‘filé mignon’ do estado – já teria sido escolhida como ‘cabeça’ do consórcio vencedor para tocar a obra. É esperar para ver. A abertura dos envelopes com as propostas de preços será no próximo dia 24”.

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