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Ilusões perdidas

Editorial JP

A oposição gosta de se iludir. Estão procurando chifre em cabeça de cavalo porque não querem se convencer da impossibilidade da cassação da governadora Roseana Sarney pelo Tribunal Superior Eleitoral. Deliram, se esperam que uma complicada recomposição do TSE, que transformaria quatro votos em dois, reconstitucionalize o Recurso Contra Expedição de Diploma colocado fora da lei pelos senhores ministros da corte eleitoral.

Sonham, ainda sonham, com uma Justiça purificada e escorreita, livre do tráfico de influência e apegada aos mandamentos da lei. Sonham pior. Sonham que Dilma Roussef, a despeito de Lula, romperá com os donatários políticos e apoiará uma candidatura oposicionista aqui no Maranhão. Enquanto isso, o Banco Nacional de Desenvolvimento Social abarrota os cofres do Estado com quantias incalculáveis que garantem a inauguração sucessiva de novos hospitais em todo o interior do Estado e a construção e pavimentação de estradas; enquanto isso, Sarney discute a eleição da filha para a Presidência do Senado, tendo já como favas contadas a sua eleição.

O golpe foi profundo, mas pior que o golpe é o auto-engano de quem ainda espera que num passe de mágica modifiquem-se os métodos políticos e a justiça no Brasil e no Maranhão. Deve ser outra a forma da oposição reagir diante da verdade incontestável disparada na Assembléia pelo deputado Roberto Costa: “O TSE derrubou o sonho da oposição de ver a governadora Roseana fora do cargo”. Deve ser outra a reação para o discurso de campanha que o deputado Alexandre Almeida antecipa neste momento. Com todo o poder da mídia, vão poder apregoar aos quatro ventos que a governadora responde “a um recurso infundado, a um recurso sem provas materiais, sem sustentação fática e jurídica”, nas palavras de Alexandre Almeida.

Todos se revelam atônitos com a decisão do TSE e o difícil é entender o porquê. Nunca a legalidade interessou a nossos tribunais diante de julgamentos políticos. E está nas nossas fuças a decisão do Supremo Tribunal Federal com relação aos mensaleiros para provar o que afirmamos. Agarraram-se os senhores ministros a uma tecnicalidade, sabe Deus se não previamente planejada, para adiar para sempre a prisão dos principais condenados no processo do Mensalão.

A transferência do julgamento de Roseana para o TRE é mais uma batalha vencida por Sarney. Se aceitarem isso, terão maior lucidez para se refazer do golpe. Não adianta ficar sonhando com recomposição ministerial e alterações de teses que das melhores teses o inferno está cheio até a tampa. O que estão chamando de precedente perigoso, não é um precedente, é uma decisão que pode ser modificada a qualquer momento, contra e a favor do vento, dependendo apenas do que exigir o governo do PT.

Defendia Honoré de Balzac em seu extenso “A Comédia Humana”, a tese de que na raiz de toda grande fortuna existe um crime. Mas ele é também autor de “As ilusões perdidas”, aquelas pelas quais não devemos mais procurar sob pena de perdermos um tempo precioso, se não a vontade de viver e lutar. E provavelmente não há ilusão maior neste país do que a de acreditar na sinceridade da Justiça.

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