Reportagem da revista Época que circula nesta semana, com o título ‘Todos os homens de Michel Temer’, destaca os ataques do presidente Michel Temer à operação Lava Jato e apresenta os seus maiores aliados envolvidos em escândalos de corrupção. Mesmo afastado da política, o ex-senador José Sarney é apontado como um dos líderes da organização criminosa que obteve vantagens financeiras ilícitas e benesses com dinheiro público. Para a Procuradoria Geral da República (PGR), a organização criminosa é um navio com Sarney e Temer na cabine de comando.

ACUSAÇÕES CONTRA SARNEY

Em uma investigação que apura o pagamento de propina em obras da ferrovia Norte-Sul, o ex-presidente José Sarney é apontado por delatores da Odebrecht como beneficiário de repasses que somam quase R$ 800 mil, no que foi identificado até o momento na ‘Planilha da Propina’ da empreiteira. De acordo com o ex-executivo Pedro Carneiro Leão Neto, os pagamentos eram feitos a Ulisses Assad, então diretor da Valec, que se referia ao político do Maranhão como ‘o Grande Chefe’ e ‘Bigode’ para solicitar a propina na obra.

“Era claro, em minha percepção, que os valores ilícitos eram destinados a José Sarney ou a quem ele viesse a indicar, sendo que Ulisses nunca especificou se e como a vantagem indevida era compartilhada entre os beneficiários”, disse Pedro Carneiro Leão. De acordo com os delatores, pessoas ligadas a Sarney receberam entre 2008 e 2009 cerca de 1% sobre o contrato das obras da ferrovia tocadas pela construtora.

José Sarney é citado também – 49 vezes – na delação do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado. O delator diz ter direcionado propina de R$ 18,5 milhões a Sarney nos anos em que chefiou a estatal (2003-2014). Segundo Machado, Sarney recebeu R$ 16 milhões em dinheiro vivo proveniente da Transpetro.