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Editorial do JP – O ódio

Uma garota de 14 anos combina com o namorado de 16 e matam a mãe dela. Uma operação da Polícia Civil de São Paulo prende torcedores, fecha sedes de torcidas organizadas e nelas encontra armas letais destinadas a ataques contra outros torcedores. O terrorismo apavora o mundo e 10 homens que combinavam ataques contra os jogos olímpicos em nome de Deus, no Brasil, são presos pela Polícia Federal.

O ódio se espalha no mundo, a fúria controla os sentidos e os cidadãos de bem, inertes, não sabem como reagir a tanto horror.Alguém disse que os poetas odeiam o ódio e fazem guerra a guerra. Nesse deplorável mundo em que, às centenas, adolescentes são trucidados a bala para preencher um vazio religioso dentro de psicopatas, é preciso fazer guerra a guerra, entoar cada vez mais fortes cantos de perdão e tolerância. Inclusive a guerra interior do ser humano em sua natureza hostil e beligerante. “O Não matarás” de Cristo e Buda e a resistência pacífica de Gandhi parecem se esvair na letalidade de pessoas violentas e cruéis que falam muito, mas cada vez menos seguem os princípios de Deus.

É preciso lutar dia e noite contra esse sentimento. Se o comportamento dos outros nos altera, o nosso comportamento deve alterar outras pessoas. Não há nada que justifique um sentimento de ódio. Se nos foi dado pensar e sentir, porque o sangue e a dor alheia não nos intimidam mais? A inominável barbaria do mundo moderno, evidente pelos crimes supracitados, indica que aprendemos muito pouco sobre o amor ao próximo e que violentamos nossas almas em meio a uma fantástica parafernália tecnológica que o gênio humano construiu.“Não quero o ódio, não vou sentir ódio”. É preciso repetir isso todos os dias até convencer o próprio coração. Nenhum pensamento que tente justificar atos de violência deve sobreviver.

Precisamos refletir sobre o que leva uma criança de 14 anos a matar a própria mãe a facadas. Precisamos entender porque torcidas de futebol se armam para ferir e matar e, mais ainda, porque é tão fácil servir ao ódio e tão difícil servir ao amor.

A bem da verdade, há uma guerra selvagem nas ruas do Brasil. São 60 mil corpos, a maioria de jovens, estendidos no chão todos os anos, um número maior que o de muitas guerras, uma fúria mais pungente que a do terrorismo. Muita gente, entretanto, ainda tenta justificar tanta violência. E, enquanto tentarem encontrar justificativas, esse ódio que mata crescerá nos diminuindo como seres humanos. Temos que aprender a resolver nossas diferenças sem ferir ninguém.

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