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Comparada a Moro, juíza de Mato Grosso é aplaudida nas ruas

CUIABA, MT, BRASIL, 23-02-2016: A juiza Selma Arruda, o "Moro de saias" de Cuiaba, em seu gabinete no Forum de Cuiaba. Foto: Rai Reis/Folhapress, PODER ***EXCLUSIVO*** ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***

A mulher do momento em Mato Grosso tinha planos de pular Carnaval no domingo (26). Mas, para isso, precisava levar seu “bloco” particular: Selma Arruda, 54, juíza da 7ª Vara Criminal do Estado, não dá um pulo fora do cordão de seguranças que a cerca 24 horas por dia.

“Ano passado deu um nó danado com os seguranças. Queria ficar mais, mas eles acharam melhor eu voltar para casa”, conta, rindo.

Quatro policiais grandalhões escoltam a juíza de 1,50 metro, que se destaca sobre saltos altíssimos, colares e pulseiras reluzentes. Ganhou a guarda no ano passado.

Foi nessa época que as ameaças a ela ficaram constantes. A juíza decretou a prisão do ex-governador Silval Barbosa (2010-2014), do PMDB, e de outros poderosos de Mato Grosso, investigados pela Operação Sodoma.

Apelidada de Lava Jato pantaneira, apura desvio em compras de terrenos, fraude em licitações e propina para cobrir custos de campanha.

São tramas que se desenrolam com delações premiadas, conduções coercitivas, interceptações telefônicas e prisões preventivas.

Os juízes que escrevem as decisões das duas operações têm perfil parecido: “caneta pesada”, na visão dos advogados de defesa da Sodoma.

Como Sergio Moro, Selma Arruda é conhecida por ser dura e não hesitar em manter prisões preventivas.

A magistrada diz que é uma “falácia” que o Brasil encarcera demais, é contrária às audiências de custódia (“um absurdo, o cara entra numa porta e sai pela outra e não entende nada que está acontecendo”) e defende penas duras.

Também como Moro, virou celebridade no Estado. É aplaudida na rua e reconhecida e apoiada por nove em dez cuiabanos com quem a reportagem conversou.

A juíza recebe cumprimentos até mesmo de testemunhas durante audiências que instrui. Terminado seu depoimento na quarta passada (22), um gerente de concessionária levantou-se e olhou para a magistrada, no centro da mesa: “Tenho orado por você e sua família”.

O homem tinha acabado de depor em uma ação que apura desvios de R$ 60 milhões do Legislativo, supostamente capitaneados por José Riva (PSD). O ex-deputado presidiu a Assembleia mato-grossense por duas décadas e carrega o epíteto de “maior ficha-suja do país” por responder a cem processos.

Algo, porém, a separa de Moro. Ele evita dar entrevistas. A mato-grossense é presença frequente em programas da TV local. Manteve, até duas semanas atrás, duas “fanpages” no Facebook.

Chegou a postar vídeos em que convocava cuiabanos a protestar a favor das “Dez Medidas” contra a corrupção e discursou em um trio elétrico com a faixa “somos todos Moro”, em 2016.

“O Moro não precisa [de mídia], ele tem a Globo que fala dele o tempo todo”, diz. “Me posiciono dessa forma, desde o começo, porque o Mato Grosso não tem visibilidade nacional. Gosto de debate, quero que as pessoas falem [sobre corrupção], aprendam que a gente tem que fazer certinho.”

Com o status “se sentindo chateada”, a juíza anunciou que decidiu “cancelar suas páginas do Face, Selma Arruda e Selma Arruda 2”. Atribuiu a decisão a ataques por tentar “aplacar a justiça e as leis contra os poderosos neste Estado”. (Folha de SP)

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