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Bolsonaro se diz vítima de campanha para assassinar sua reputação

Folha de SP – O presidenciável Jair Bolsonaro (PSC-RJ) e seus filhos que exercem mandato se manifestaram em redes sociais nesta segunda-feira (8) sobre reportagens da Folha relativas à multiplicação do patrimônio da família e ao recebimento de auxílio-moradia.

Folha enviou 32 perguntas aos parlamentares na semana passada, mas não houve resposta.

Por meio do Twitter, Jair Bolsonaro postou ao menos quatro mensagens nesta segunda.

“O Brasil vive a maior campanha de assassinato de reputação de sua história recente protagonizada pela grande mídia. Chega a ser cômico, com tanto escândalo e crime dentro da política, a pauta são minhas ações lícitas. Escolheram viver no mundo da fantasia onde eu seria o mau”, escreveu o deputado federal.

O Brasil vive a maior campanha de assassinato de reputação de sua história recente protagonizada pela grande mídia. Chega a ser cômico, com tanto escândalo e crime dentro da política, a pauta são minhas ações lícitas. Escolheram viver no mundo da fantasia onde eu seria o mau.

“A realidade é dura para meus adversários. Precisam se conter em apontar pra mim e me chamar de bobo e feio, enquanto suas opções são bandidos, criminosos, mau caráter, corruptos, canalhas, desonestos, e por aí vai”, acrescentou.

Mais tarde, ele publicou um vídeo com a legenda “minha declaração sobre patrimônio em 2016”, em que usa como defesa o fato de o ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot ter arquivado em uma canetada uma denúncia anônima sobre sua declaração de bens em 2014.

As publicações de Bolsonaro, porém, não abordam quase nenhum dos pontos relativos à sua evolução patrimonial. Em postagem anterior, na noite de domingo, ele havia falado em calúnia.

FILHOS

Os filhos do presidenciável também se manifestaram.

“Gostaria de ver a mídia fazendo levantamento de bens no mesmo estilo com outros presidenciáveis, e nem precisa somar com patrimônio de filhos, cachorro, papagaio para induzir e prejudicá-lo não. De boas, afinal teríamos de saber de todos. Isso aqui não é democracia imparcial”, disse Carlos (PSC-RJ), que é vereador no Rio.

“No aguardo, mas tem que ser num domingo sem querer também! Tá “serto”?! Mas tem que ignorar data de compra, fingir que não sabe somar e fazer uma manchete bem isenta também!”, completou.

Eduardo (PSC-SP), também deputado federal, publicou mensagem se lembrando de um episódio de 2015.

“Na foto @FlavioBolsonaro mostra em 2015 documento do PGR Janot arquivando denúncia contra Bolsonaro por “suspeitas sobre suas casas” devido a “ausência de elementos indiciários mínimos que apontem para a prática de ilícitos penais do parlamentar”. Em 2015!!!”

“Até o momento a @folha não se conforma com a sequer abertura de processo contra Bolsonaro por conta de imóveis. O PGR arquivou: “não existem indícios mínimos de ilícito”‘, acrescentou. “Folha de SP, me chama de corrupto, porra!”

Eduardo também chamou as reportagens de “tendenciosas”.

“A matéria da @folha é tão tendenciosa q nem considerou o boom imobiliário de 2010/11 ocorrido no Rio por conta da Copa e Olimpíadas. E no final diz “tudo foi legal”. Ridículo”.

Já Flávio (PSC-RJ), deputado estadual no Rio, escreveu apenas uma vez.

“O problema não é quem declara o patrimônio, alcançado licitamente. Mas sim quem esconde o seu, em nome de laranjas ou em malas de dinheiro. Vão atrás dos corruptos, p…”.

Na foto @FlavioBolsonaro mostra em 2015 documento do PGR Janot arquivando denúncia contra Bolsonaro por “suspeitas sobre suas casas” devido a “ausência de elementos indiciários mínimos que apontem para a prática de ilícitos penais do parlamentar”. Em 2015!!!

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Veja as 32 perguntas enviadas aos parlamentares

JAIR BOLSONARO (deputado federal)

1 – O sr. tem um patrimônio que inclui 5 imóveis cuja avaliação de mercado é de cerca de R$ 8 milhões (1). O sr. utilizou outros recursos que não o de deputado e militar da reserva para formar esse patrimônio?

2 – O sr. adquiriu duas casas na Barra da Tijuca, em 2009 e 2012, por valores registrados em escritura bem inferiores ao que a prefeitura calculou à época para a cobrança de ITBI. A casa 58, de R$ 400 mil, a base para o ITBI foi de R$ 1,06 milhão. A casa 36, de R$ 500 mil, a base foi de R$ 2,23 milhões. Além disso, segundo o Secovi e corretores consultados, a valorização dos últimos anos foi de menos de 100%. Hoje o preço de mercado delas é de R$ 5 milhões, juntas. Houve pagamento de algum valor não registrado em escritura pública?

3 – A que o sr. atribui a divergência dos valores da prefeitura para os valores pagos? O sr. contestou junto ao município a base de cálculo deste ITBI?

4 – A casa 58, que o sr. comprou em 2009, foi adquirida quatro meses antes pela empresa Comunicativa por R$ 580 mil. A escritura informa que o sr. pagou R$ 400 mil. Qual a razão da queda de mais de 30% em menos de quatro meses em pleno boom imobiliário?

5 – Quando comprou a casa 58, o sr. morava na casa 54, era de aluguel? Por que o sr. não morava no apartamento da Barra (Professor Maurice Assuf, 41) que o sr. declarava ter?

6 – O sr. e seus três filhos que exercem mandatos são donos de 13 imóveis com preço de mercado de pelo menos R$ 16,5 milhões**, a maioria deles adquiridos nos últimos anos e localizados em pontos valorizados do Rio de Janeiro, como Copacabana, Barra da Tijuca e Urca. O sr. considera a obtenção desse patrimônio compatível com os ganhos de quem atualmente se dedica exclusivamente à política?

7 – O sr. paga ou pagou pensão alimentícia para ex-mulheres ou filhos? Se sim, em quais períodos e em que valores?

8 – O sr. diz ter arrecadado em média, nas últimas três eleições, R$ 207 mil em cada uma. O valor é bem inferior à média dos eleitos em 2014, por exemplo, de R$ 1,6 milhão. O sr. recebeu em alguma eleição valores não declarados à Justiça Eleitoral?

9 – Há inconsistências nas declarações do sr. à Justiça Eleitoral nas últimas eleições. Exemplos: por que o sr. omitiu em 2006 a posse de seus imóveis em Brasília e Angra? Por que em 2010 o sr. não declarou a compra da casa 58 na Barra, registrada em cartório mais de um ano antes, em 2009?

10 – O sr. utilizou o dinheiro de auxílio-moradia para comprar o primeiro apartamento, em Brasília?

11 – O sr. recebe auxílio-moradia desde outubro de 1995, ininterruptamente. De lá até junho de 1998, o valor que o sr. recebeu é similar ao que o sr. declarou na compra do apartamento em Brasília. O sr. utilizou esses recursos para a compra do imóvel?

12 – Por que o sr. continua utilizando auxílio-moradia da Câmara se tem apartamento em Brasília?

13 – O sr. recebe mais do que o teto do funcionalismo. O Exército informou que o soldo de um capitão da reserva na situação do sr. é de R$ 5,6 mil brutos. Em recente entrevista disse que ia pedir revisão de seu soldo como capitão da reserva. Já fez ou pretende fazer isso?

EDUARDO BOLSONARO (deputado federal)

1. Por que o sr. recebe auxílio-moradia sendo que o sr. mora num apartamento próprio no Sudoeste, em nome do seu pai?

2. O sr. adquiriu recentemente um apartamento em Botafogo, de R$ 1 milhão. O sr. utilizou auxílio-moradia para a compra do apartamento?

3. Seu pai, o sr. e seus dois irmãos parlamentares são donos de 13 imóveis com preço de mercado de pelo menos R$ 16,5 milhões**, a maioria deles adquiridos nos últimos anos e localizados em pontos valorizados do Rio de Janeiro, como Copacabana, Barra da Tijuca e Urca. O sr. considera esse um patrimônio compatível com os ganhos de quem se dedica exclusivamente à política?

CARLOS BOLSONARO (vereador no Rio)

1. Na primeiras vezes que o sr. foi candidato, em 2000 e 2004, o sr. declarou à Justiça Eleitoral que não tinha nenhum bem. Seus bens atuais (com base na declaração à Justiça Eleitoral em 2016), segundo o valor usado pela prefeitura do Rio para cálculo do ITBI, somam cerca de R$ 2 milhões. O sr. utilizou outros recursos que não o de vereador para formar esse patrimônio?

2. O seu pai, o sr. e seus dois irmãos parlamentares são donos de 13 imóveis com preço de mercado de pelo menos R$ 16,5 milhões (2), a maioria deles adquiridos nos últimos dez anos e localizados em pontos valorizados do Rio de Janeiro, como Copacabana, Barra da Tijuca e Urca. O sr. considera esse um patrimônio compatível com os ganhos de quem atualmente se dedica exclusivamente à política?

3. O sr. recebe auxílio-moradia? Se sim, por qual motivo?

FLÁVIO BOLSONARO (deputado estadual no Rio)

1. O sr. fez, em 2008, um contrato com a Cyrela de promessa de compra de cinco salas comerciais no Barra Prime cinco dias antes do memorial de incorporação. Segundo a lei, o incorporador deve ter primeiro o memorial para poder colocar os imóveis à venda. Por que isso aconteceu?

2. O sr. teve informações privilegiadas de que o prédio seria construído?

3. O sr. fez, em 16 setembro de 2010, contrato com a Brookfield de promessa de compra de mais sete salas comerciais no Barra Prime. Um mês depois, em 29 de outubro de 2010, o sr. vendeu todas as salas que havia acabado de comprar, todas por um valor maior. Por qual motivo o sr. fez essa operação relâmpago?

4. Todas as salas foram vendidas para a MCA Participações. Em pesquisa em cartórios, a MCA é dona apenas das salas que foram vendidas pelo sr. Por que vendeu todas as unidades para a mesma empresa?

5. O sr. tem alguma ligação com Marcello Cattaneo, dono da MCA, ou com a empresa?

6. Todas as salas foram alugadas para a Posco Brasil. O sr. recebe algum dinheiro dos aluguéis?

7. Na escritura de seu apartamento das Laranjeiras** há a informação de que a compra foi feita pelo valor de R$ 1,75 milhão. Na época, a prefeitura usou como base o valor de R$ 2,74 milhões para calcular os impostos a serem pagos na transmissão do imóvel. A que o sr. atribui a divergência dos valores da prefeitura para os valores pagos? O sr. contestou junto ao município a base de cálculo deste ITBI?

8. Em 2012, o sr. comprou dois apartamentos no mesmo dia, em 27/11/2012, de dois americanos. Houve relação entre as duas compras?

9. Em um dos casos, do apartamento da av. Prado Junior, a transação foi a seguinte: Paul Daniel comprou de Walter Wallace em 11/11/2011 por R$ 240 mil, daí vende para o sr. um ano depois por R$ 170 mil, e o sr. revende um ano depois por R$ 573 mil. Qual a razão da queda de quase 30% em apenas um ano? E do lucro posterior?

10. O sr. declarou em 2016 ter 50% do imóvel em construção na rua Pereira da Silva por R$ 423 mil. O apartamento, segundo escritura de 2017, foi comprado por R$ 1,7 milhões. O sr. omitiu o valor real do bem?

11. O sr. declara à Justiça Eleitoral ter 50% dos imóveis de que é dono, provavelmente pelo fato de o sr. ter se casado com regime de comunhão parcial de bens. O sr. acha que dessa forma está passando a informação completa para os eleitores?

12. Nos últimos 10 anos, o sr. fez 19 compras ou promessas de compra de imóveis no Rio. As transações, segundo valores que constam em documentos de cartório, ultrapassaram R$ 9 milhões. O sr. considera isso compatível com os ganhos de quem se dedicou exclusivamente à política até 2015 e é dono de uma cota de R$ 50 mil de uma chocolataria?

13. O sr. começou na vida política declarando ter apenas um Gol 1.0, que tinha valor de R$ 25 mil da época. Segundo valor utilizado pela prefeitura do Rio para cálculo do valor de ITBI, os seus apartamentos têm hoje o valor de R$ 6,3 milhões (3). O sr. considera isso compatível com os ganhos de quem se dedicou exclusivamente à política até 2015 e é dono apenas de uma cota de R$ 50 mil de uma chocolataria?

ADENDOS

1 – O valor de R$ 8 milhões inclui outros bens do parlamentar, como veículos e aplicações financeiras.
2 – O valor de R$ 16,5 milhões contemplava um apartamento de Flávio Bolsonaro que foi usado em uma permuta para a aquisição, em agosto do ano passado, de outros dois imóveis. A movimentação ainda não consta no histórico em cartório.
3 – O valor considerava ainda o imóvel que foi utilizado na permuta descrita acima. Sem ele, Flávio acumula imóveis no valor de cerca de R$ 4 milhões.

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