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Após participar de discurso na ONU, maranhense sonha com Nobel da Paz

por Thiago Baltazar – Malala Yousafzai, 18, inspirou pessoas do mundo todo quando discursou na sede das Nações Unidas, em Nova York, depois de sobreviver a um ataque no Paquistão por defender educação para mulheres em seu país. A voz da jovem, radicada no Reino Unido com a família por medidas de segurança, ecoou também no Brasil, e fez uma adolescente do Maranhão sonhar com o protagonismo das mulheres na política nacional.

“Ninguém melhor do que você mesma para saber o que é bom para você”, justificou Irlane*, de 17 anos, a razão pela qual considera a representatividade feminina no Congresso tão importante. Em tempos em que se discute a legalização do aborto, a jovem, que dá aulas sobre os direitos das mulheres na região onde mora, defende mais vereadoras, prefeitas, governadoras, deputadas, presidentas. “Muitos homens não vão saber da necessidade da mulher como uma outra mulher”, disse à Marie Claire.

Seu viés feminista vai ao encontro dos ideais de Malala não por acaso. No final de 2014, Irlane foi convidada a fazer parte do discurso da paquistanesa na Assembleia Geral da ONU junto com a carioca Luiza* 17. As brasileiras formaram um grupo com meninas de vários países para pedir mais visibilidade ao papel das mulheres nos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, documento firmado na reunião.

“Os direitos não são privilégios, devem ser concedidos. E quem vai me conceder não está fazendo um favor”, comentou Irlane sobre uma das principais lições aprendidas no discurso de Malala.

Ainda em Nova York, a paquistanesa despertou na maranhense esperanças de trazer para o Brasil um prêmio muito aguardado. Sem titubear, revelou o desejo de, no futuro, ter seu trabalho reconhecido. “Quem sabe o Nobel da Paz“.

DOCUMENTÁRIO
A viagem das brasileiras aos Estados Unidos foi registrada no documentário “Essa é Minha Vez!”, idealizado pela Plan International Brasil, uma ONG de defesa aos direitos das crianças. No filme, nove meninas, das cinco regiões do país, relatam diferentes experiências de vida e descrevem como é viver em meio à violência, desigualdade, preconceito, pobreza e exclusão.

“O filme visa inspirar outras meninas a serem protagonistas de suas próprias vidas, na busca de um mundo melhor, na luta por direitos e oportunidades. O nosso papel é ouvir e proporcionar novos espaços aos jovens, para que não estejam no lugar de ouvintes do processo de pensar”, afirmou Ana Nery, assistente técnica do projeto.

O mini-documentário, lançado no dia 29 de janeiro e disponível no YouTube, mostra como Irlane e Luiza foram escolhidas para entregar um documento à presidenta Dilma Rousseff em Brasília e para autoridades na ONU. A Declaração das Meninas do Brasil, escrita a partir da opinião de 500 jovens, explica não ser possível buscar uma solução sustentável para os problemas da sociedade e progredir sem elas.

“A declaração tem palavras de meninas do Brasil inteiro”, contou Luiza. “Pude entregá-la para embaixadores, para a princesa da Holanda… foi um marco muito grande”.

Luiza não fala inglês, mas sentiu a emoção de estar no palco ao lado de Malala e outras meninas de várias nacionalidades. De toda a experiência que teve ao viajar para reivindicar seus direitos –e o das meninas de todo o mundo–, a questão da formação escolar foi o maior aprendizado.  “A educação é um direito, não um privilégio. É o que aprendi e vou levar para a vida”.

*À pedido da Plan International Brasil por uma questão de proteção, os sobrenomes das jovens foram preservados nesta matéria.

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